A Aldeia do Xisto de Fajão, no concelho de Pampilhosa da Serra, está a acolher a residência artística “Astronomia” da responsabilidade da artista sérvio-holandesa Katarina Petrović. Até 29 de julho, a iniciativa insere-se no projeto “Habitar e mover-se em territórios de montanha”, candidato pelo Projeto Entre Serras (PES), ao programa Europa Criativa. O objetivo é explorar “a relação entre o céu e a terra, a arte e a ciência, a paisagem e os fenómenos naturais”. Para além de Fajão, este trabalho vai-se estender ao Estrela Geopark Mundial da Unesco.
Na primeira fase, que tem lugar até 23 de julho, a artista vai explorar as várias dimensões de um projeto que extravasa a mera observação para se assumir como uma aposta estratégica que concilia o desenvolvimento turístico, a integração com o sistema científico e tecnológico, a sustentabilidade social e ambiental, a capacitação das pessoas e o estímulo à economia.
Para isso, é convidada a conhecer os projetos em curso na aldeia e a visitar o Pampilhosa da Serra Space Observatory (PASO), um equipamento único no Hemisfério Norte que permite monitorizar detritos espaciais capazes de danificar satélites. A dimensão turística do projeto é dada a conhecer através de uma experiência de canoagem noturna, na Barragem de Santa Luzia, que inclui uma observação astronómica.
Das Aldeias do Xisto, Katarina Petrović segue para o Estrela Geopark, para explorar a Serra da Estrela e, em particular, a relação entre astronomia e a montanha mais alta de Portugal continental, patente inclusive na sua toponímia. Tem ainda a oportunidade de aceder e utilizar o Miradouro e Observatório Astronómico de Travancinha que, recentemente, recebeu novos equipamentos para uso de pesquisadores e visitantes.
Nesta região, a residência artística termina com uma caminhada, agendada para 29 de julho, para visitar os Pirilampos do Rossim, uma obra de Erik Samakh, que consiste na instalação de pequenos pontos de luz alimentados a energia solar, que, durante a noite, imitam o pulsar do pirilampo, criando lugares poéticos e proporcionando aos habitantes locais e visitantes uma experiência simbiótica com o meio envolvente.
Segundo Bruno Ramos, coordenador da ADXTUR – Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto, são vários os fatores que justificam a realização desta residência artística naquele território. “Esta atitude de experimentação e de acolhimento artístico e científico faz parte da matriz das Aldeias do Xisto. Há muito tempo que sabemos que esta imersão é necessária para encontrar novos produtos, novos bens e novos caminhos de desenvolvimento”, referiu.
Também o tema a explorar neste projeto, “Habitar e mover-se em territórios de montanha”, vai ao encontro desta lógica de imersão. “É necessário um outro ritmo para que se perceba o que é a paisagem e o que é o território. Com a mecanização passámos a ter uma visão utilitarista da paisagem e defendemos que é preciso estar, ficar e caminhar para uma visão diferente”, acrescentou.
O coordenador recordou que o facto de as Aldeias do Xisto serem certificadas como Destino Turístico Starlight e o desenvolvimento de projetos nesse contexto que envolvem arte, ciência e pedagogia é mais um argumento a favor da iniciativa.