Os planetas, as estrelas e as galáxias: vivenciar o que se sente quando se vai ao espaço é o sonho de muitos. E poucos são os que conseguem realizá-lo. Miguel Fernandes, 17 anos, é a exceção à regra. O jovem de Soure foi um dos selecionados do concurso Zero-G Portugal, promovido pela Agência Espacial Portuguesa, para experienciar a sensação de gravidade zero num voo parabólico.
“Quem me apresentou o projeto foi a minha professora de Português, porque ela sabe que tenho interesse pelo espaço e por este mundo fora do nosso mundo”, revela à New in Coimbra. Até receber a boa-nova de que foi um dos selecionados, Miguel teve que passar por várias fases de seleção. Depois da candidatura online, onde escreveu dois textos sobre o porquê de querer participar e o que faria sendo um dos embaixadores, foi chamado para os testes psicotécnicos, que consistiam em provas físicas: vaivém, flexões e testes de equilíbrio e concentração.
Por fim, e em modo de entrevista, o júri avaliou a sua capacidade de comunicação. O resultado foi vitorioso para Miguel Fernandes e para outros 30 participantes.

O voo parabólico foi realizado na base área número 11 de Beja, no dia 16 de setembro. “Estava ansioso, queria muito que chegasse essa data.” A experiência não contemplou apenas o voo, os jovens chegaram quatro dias antes para conhecerem mais sobre o espaço e o que o compõe, através de atividades didáticas. “Visitámos a base área, tivemos formação de comunicação e de como falar em público.”
Chegado o grande dia, Miguel e os restantes participantes levantaram-se cedo, ainda de madrugada, às seis da manhã, e foram para a base às sete horas. Com muita excitação e ansiedade, vestiram os fatos, entraram no avião e preparam-se para o voo, que estava marcado para as 10 horas.
“Foi tudo normal até um certo ponto. O avião levantou e fomos a nível cruzeiro de altitude. Chegou a uma altura em que começou a fazer uma subida acentuada em forma de parábola, ou seja, ele subiu e quando chegou ao topo da parábola, acelerou para baixo, o que levou a que a força nos atirasse contra o avião. De um momento para o outro, não sentimos nada, ficámos com gravidade zero. Foi como se tivéssemos no espaço”, relata.
O voo, que foi acompanhado por um astronauta que já esteve presente na estação espacial internacional, completou 16 parábolas, sendo que cada uma teve no máximo 20 segundos. Ao longo de toda esta experiência espacial, Miguel ganhou amigos para a vida. “Criámos um grupo muito forte. O que nos uniu mais foi o facto de gostarmos das mesmas coisas e pensarmos de forma igual”, diz.
O fascínio pelo espaço sempre esteve presente na vida do jovem, de forma bastante natural e espontânea. “Como sou de uma aldeia, tenho o céu mais limpo. Posso sair à rua e ver o céu estrelado. Desde pequeno que olho para as estrelas e fico a pensar o que é que são aquelas maravilhas brilhantes no céu”, conta.
No 12.º ano e quase na reta final do curso de Ciências e Tecnologias, Miguel Fernandes revela que não sabia muito bem o que seguir quando ingressou no secundário. Devido a este projeto, já sabe o que quer para a sua vida. “Vou seguir a área espacial. É uma paixão que tinha e que agora quero explorar ao máximo”, garante. As inscrições para a próxima edição do concurso Zero-G Portugal, que decorre no terceiro trimestre deste ano, já estão abertas.
