As rendas estão a atingir valores exorbitantes e é cada vez mais difícil encontrar um imóvel para alugar cujo preço seja proporcional ao salário — e a situação não irá melhorar no próximo ano. Ao contrário do que aconteceu em 2023, em que o aumento das rendas ficou limitada a 2 por cento, não acompanhando a subida da inflação, o governo decidiu não aplicar qualquer travão à atualização dos valores em 2024.
Quer isto dizer que, a partir do próximo ano, os senhorios vão poder subir as rendas até 6,94 por cento, segundo o valor apurado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). É o valor mais alto desde 1994, com a subida a ser parcialmente atenuada pelo reforço do apoio aos inquilinos e da parcela das rendas que pode reduzir o IRS.
Para alguns inquilinos, o preço a pagar poderá ser ainda maior. A lei permite ao senhorios somarem a este valor o dos dois anos anteriores, caso tenham optado por não atualizar as rendas em 2022 e 2022. Nestes casos, aos 6,94 por cento, podem ser somados os 2 por cento de 2023, mais os 0,43 relativos ao ano anterior.
A atualização, contudo, não é obrigatória, pelo que o senhorio pode optar por não o fazer. No caso de avançar com as alterações, terá de comunicar por escrito, com uma antecedência mínima de 30 anos, o coeficiente de atualização e a nova renda que resulta deste cálculo.
Para atenuar o esforço dos proprietários com este aumento esperado para 2024, o governo vai aumentar em 4,94 por cento o valor do subsídio de renda atribuído às famílias cuja renda habitacional represente uma taxa de esforço superior a 35 por cento.
Ao mesmo tempo, a parcela das rendas dedutível ao IRS e que ajuda a reduzir a fatura com este imposto vai passar a ter o limite anual de 600€, em vez dos 502€ em vigor. Neste caso, só terá efeitos práticos em 2025, quando for entregue a declaração anual do IRS.