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Este casal de mochileiros vai abrir um eco-hostel na Lousã

O Nosso Fado é o projeto de vida de Ricardo Cunha e Romane Forgue. Foi reconhecido pelo Turismo Centro de Portugal.
Romane Forgue e Ricardo Cunha.

Mochileiros durante vários anos, Ricardo Cunha e Romane Forgue conheceram-se no final da década passada quando estavam na Nova Zelândia. O professor de educação física, com 37 anos, morava em Ceira (Coimbra) quando decidiu, primeiro, conhecer o Brasil onde trabalhou e viajou durante 5 anos. Este período, apesar de interessante, não foi do seu total agrado.

É aqui que surge a vontade de “viajar, conhecer o Mundo” (à semelhança de Romane). Durante outros 5 anos, e “sempre de mochila às costas”, passou por diversos países onde teve a oportunidade de “trabalhar na agricultura e em hostel”. Foi, dessa forma, que chega à Nova Zelândia. “Esta opção de vida levou-me a sonhar, um dia, em ter um espaço onde pudesse também acolher pessoas que decidem andar pelo Mundo de mochila às costas”, disse Ricardo Cunha à New in Coimbra.

Nesta “descoberta” que ia fazendo daquele país situado no sudoeste do Oceano Pacífico, conheceu Romane Forgue. Com 28 anos, a francesa que morou na região dos Altos-Pirinéus também conhecer outros países trazendo apenas consigo uma mochila. Esta coincidência transformou-se numa história de amor, ao ponto de numa das conversas Ricardo Cunha lhe ter contado que o seu sonho era ter um espaço de cultura portuguesa e, ao mesmo tempo, que pudesse acolher pessoas que, tal como eles, também tivessem decidido um dia partir à descoberta de outros países.

Nesse projeto, o mochileiro português já teria um local pensado. Fruto de vários anos em que trabalhou no campo de férias de Foz de Arouce (Lousã) e dos fins de semana com escuteiros até ao Alto do Trevim (também na Lousã), Ricardo Cunha pensou nesta zona para criar o seu próprio projeto. As ideias de Romane Forgue, que passavam por um modo de vida sustentável, com muitos preocupações de reutilização e redução de materiais supérfluos, permitiram aos dois ir amadurecendo a ideia de um espaço ecológico, sustentável e com tradição portuguesa.

Enquanto iam fazendo um “pé de meia” para poderem avançar com o projeto, o casal luso-francês foi pesquisando espaços na zona dos Moinhos, Miranda do Corvo e Serpins. Mas, como reconheceram à New in Coimbra, “a nossa ideia sempre foi a Lousã e a proximidade com a Serra da Lousã”. Um dos aspetos fundamentais na pesquisa foi a proximidade (até 15, 20 minutos a pé) de transportes públicos. O avanço do projeto MetroBus, que irá ligar Serpins ao centro da cidade de Coimbra através de autocarros elétricos, ajudou a refinar ainda mais a pesquisa por espaços que lhes enchessem a alma.

É numa dessas buscas que aparece uma quinta no lugar das Levegadas, concelho da Lousã. Os 2.500 metros quadrados de área, junto ao Parque Natural da Serra da Lousã, eram suficientes para tudo o que sonhavam. E melhor ainda: a sua localização dista, a pé, cerca de 15 minutos da futura estação de Meiral. Contactados os proprietários, decidiram ainda na Nova Zelândia adquirir o terreno. “Nós só vimos a quinta, pela primeira vez, quando chegamos da Nova Zelândia”, lembrou Ricardo Cunha.

Foi, então, que decidiram avançar com o projeto da criação de um eco-hostel focado em práticas sustentáveis, cultura local e tradições. “O nosso fado” foi o nome escolhido e, desde então, é sobre ele que Ricardo e Romane têm dedicado grande parte da sua vida. Enquanto não dispõem de fundos para a requalificação do edifício onde irão abrir a área da dormida e do convívio, foram apostando numa quinta biológica, com 1.500 metros quadrados de diferentes culturas.

 
 
 
 
 
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Seguindo os princípios da permacultura, foram plantados na horta familiar tomateiros, pimentos, alface, milho doce, batata doce, etc. Ao mesmo tempo, foram revitalizando as muitas árvores de fruta existentes no terreno, bem como plantando outras. “Estamos a ver quais as variedades que se dão melhor com este terreno e com as condições meteorológicas da zona”, disse Romane Forgue.

Prémio José Manuel Alves

Ao mesmo tempo, já obtiveram a aprovação do projeto por parte do município da Lousã para a requalificação da casa. “Se tudo correr bem, queremos avançar com as obras até ao final deste ano para ver se conseguimos abrir até ao Verão de 2024”, afirmou o casal à New in Coimbra. Se o sonho já estava quase a tornar-se uma realidade, eis que na passada semana receberam uma excelente notícia: a Turismo Centro de Portugal decidiu atribuir a este projeto o 1.º lugar do concurso de empreendedorismo turístico da entidade regional, Prémio José Manuel Alves.

Uma notícia que deixou o casal bastante orgulhoso, tendo já ficado decidido onde vão ser usados os 5.000 € do prémio. “Neste momento, a rega de cada uma das plantações está a ser feita manualmente. Queremos libertar-nos desse “trabalho” apostando num sistema de rega gota a gota”, afirmaram. Sobre o projeto “O Nosso Fado“, Ricardo Cunha desvendou que contará com a instalação de painéis solares, bombas de calor, sistema para reutilização da água da chuva para a rega da quinta.

“Queremos que os nossos utilizadores usem os nossos produtos de limpeza quando se lavarem ou tomar banho. Para tal, iremos construir um tanque onde essa água será depois canalizada e utilizada depois na rega da quinta. Os mais relutantes em usar os nossos produtos terão de usar uma casa de banho própria para se lavarem e tomarem banho. A água com esses produtos químicos, nesse caso, será depois encaminhada para a rede de águas pluviais”, afirmaram.

Uma das apostas do eco-hostel é que a diária contemple, para além da dormida, o pequeno almoço e o jantar. Uma refeição com comida portuguesa totalmente vegetariana, confecionada por Romane Forgue, e onde se pretende que todos os utilizadores possam conviver com os proprietários do espaço.

De seguida carregue na galeria para conhecer mais detalhes do projeto O Nosso Fado.

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