Quem costuma passear pelo centro de Lisboa está mais do que habituado a ver elétricos passar. Fazem parte do dia a dia da cidade, além de continuarem a ser o meio de transporte de eleição para os turistas. Por outro lado, ver um elétrico no meio de uma colina na Figueira da Foz já é estranho. É tão incomum que se tornou um ponto de atração e há quem faça a viagem de propósito para tirar uma fotografia com o icónico veículo com o número 617.
Mas, afinal, como é que um elétrico de Lisboa está agora na Serra da Boa Viagem, na Figueira da Foz? É a pergunta que todos fazem. Pouco se sabe sobre como lá foi parar, mas a NiT foi à procura da história do 617. E descobriu que, apesar das péssimas condições, não está abandonado.
O elétrico pertence à família de Soledad Ferreira, de 30 anos, que gere um alojamento no terreno onde o veículo está instalado, ao qual deu o nome Colina do Elétrico. À NiT, explicou que o veículo está escondido no meio da vegetação há cerca de 30 anos e foi o pai, Armindo Ferreira Gonçalves, que o trouxe de Lisboa.
“Sei que foi comprado em Lisboa, provavelmente numa sucata e não diretamente à Carris, numa altura em que os elétricos não estavam na moda como estão agora. Veio para a Figueira num camião de transportes de máquina tipo zorra”, explica a filha Soledad. Quando veio para a serra, “estava praticamente impecável em termos de carroçaria” e o motivo de o terem colocado à venda deveu-se, possivelmente, a problemas técnicos.
O objetivo do pai, que na altura estava no negócio imobiliário e era dono daquele terreno na Figueira da Foz, seria fazer uma espécie de bar com o veículo. “Era para ser uma atração num empreendimento como fizeram, por exemplo, no The Rock Planet, em Coimbra”, conta. Contudo, nunca se chegou a fazer nada e foi ficando por lá ao longo dos anos.
Embora esteja inserido numa propriedade privada, esta era invadida durante a noite e o elétrico foi sendo vandalizado. Atualmente, já não tem chão nem janelas e está coberto de graffiti. Ainda assim, nem o mau estado do veículo impede as deslocações das dezenas que vão até lá conhecer o famoso elétrico “perdido” no meio da vegetação. “Nos dias mais bonitos, é só carros a ir lá. Fica num sítio muito nobre da cidade porque tem vista sobre o mar e a Figueira”, destaca Soledad Ferreira.
Há cerca de 10 anos, a família ainda conseguiu deslocar o elétrico para ficar mais perto do alojamento, com o objetivo de tentar remodelá-lo, mas ficava demasiado caro. Atualmente, está tão degradado que a recuperação é quase impossível.
O veículo fica mesmo em baixo do alojamento local Colina do Elétrico, que começou a receber hóspedes em 2015. O edifício foi construído de raiz, também pelo pai de Soledad Ferreira, que se dedicava à venda e compra de propriedades. Está aberto apenas na altura do verão e é composto por nove quartos, espalhados por dois pisos, cada um deles com uma cozinha. Cada quarto tem casa de banho privativa e alguns têm vista para o mar e a cidade.
A Colina do Elétrico fica localizada a apenas três quilómetros das famosas praias da Figueira da Foz e dispõe de uma piscina panorâmica exterior, com vistas fantásticas sobre o Atlântico. No exterior, os hóspedes poderão ainda desfrutar de um jardim, comodidades para churrascos e de um terraço.
Durante o verão, as reservas podem ser feitas através do Booking e os preços dos quartos com varanda e vista para o mar rondam entre os 65€ e os 90€ por noite.
Carregue na galeria para descobrir como está o elétrico neste momento — e para ficar a conhecer melhor o alojamento local.