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Usar máscara contra a transmissão de Covid-19 “faz pouca ou nenhuma diferença”

Um novo estudo conclui que há dúvidas sobre o efeito positivo desta defesa.
O debate continua.

A questão de saber se e até que ponto a máscara funciona para prevenir infeções respiratórias dividiu a comunidade científica por décadas. Nos últimos meses, porém, o debate tem sido maior devido à sua utilização contra a transmissão da Covid-19.

Embora haja fortes evidências de que as máscaras faciais reduzem significativamente a transmissão de infeções, tanto em ambientes de saúde quanto na comunidade, alguns especialistas discordam. Uma revisão atualizada da Cochrane Library — base de dados de revisões sistemáticas de estudos científicos — publicada a 30 de janeiro é o mais recente documento a sugerir que não funcionam na comunidade.

Esta é a primeira análise publicada sobre a eficácia de medidas físicas para travar ou reduzir a propagação de vírus respiratórios e conclui que a incerteza prevalece. Os autores afirmam que há dúvidas sobre o efeito positivo da utilização de máscaras contra a transmissão da gripe ou da Covid-19, mas defendem também que essas dúvidas não são uma conclusão segura.

A avaliação assenta na revisão de 78 estudos e daquilo a que os autores descrevem como “lacunas de pesquisa” sobre a eficácia das máscaras e a “incerteza” geral sobre os efeitos deste uso. Os dados foram recolhidos em múltiplos contextos — como escolas, unidades de saúde, na comunidade, entre outros, e em todos os tipos de países, dos subdesenvolvidos aos mais ricos — durante períodos gripais até 2016 (incluindo a gripe pandémica de 2009) e na pandemia de SARS-CoV-2.

Os autores escrevem que a utilização de máscara, “provavelmente, faz pouca ou nenhuma diferença” na transmissão de ambos os vírus respiratórios. Isto é, não evita o contágio. Já a lavagem das mãos tem, pelo menos, uma taxa de sucesso de 14 por cento, “sugerindo um provável benefício”. Mas é preciso confirmar que é mesmo assim, alertam.

Em todo o estudo é repetida a palavra “provável”. A justificação está no risco de viés — erros sistemáticos em estudos científicos — nos dados de base dos artigos que integram a revisão pela Cochrane, que os autores dizem ser “muito elevado” ou até “desconhecido”.

Esta conclusão, no entanto, não prova definitivamente que as máscaras não ajudam. Aliás, os autores referem que são necessários estudos sobre a utilização das máscaras em conjunto com outras intervenções físicas para evitar o contágio, sobretudo entre os idosos e os miúdos.

“No geral, esta revisão não me move de um jeito ou de outro porque não há o suficiente para realmente acreditar que há evidências que mostram que as máscaras não funcionam”, afirmou Peter Chin-Hong, MD , professor de medicina na Universidade da Califórnia à revista “Health”. “O público não deve usar isso como uma declaração definitiva de que as máscaras não funcionam.”

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