A chegada da primavera é sinónimo de felicidade par muitas pessoas. Os dias começam a ficar mais longos, as temperaturas sobem, as flores desabrocham — tudo nos parece positivo (ou quase). Porém, nem toda a gente consegue sentir-se feliz. Há quem se sinta mais cansado, apático ou até deprimido. Não são pessoas do contra, têm motivos para isso.
Já ouviu falar em astenia da primavera? Esta condição explica a fadiga, a tristeza, a desmotivação, a dificuldade em contração, a diminuição da libido e até a alteração do sono que começam entre março e abril.
“As mudanças climatéricas, a subida da temperatura e outras condicionantes fazem com que passemos por uma fase de adaptação, que se agrava com a mudança de hora”, explica à NiT Paulo Maia, médico de Medicina Geral e Familiar na Clínica Espregueira. Isto acontece, adianta o clínico, porque a regulação dos níveis de neurotransmissores produzidos pelo nosso cérebro, como a serotonina, a melatonina ou o cortisol, é feita, entre outros, pela exposição solar. “Estes agentes químicos interferem na regulação do humor, das emoções, do estado de espírito ou no ritmo de sono.”
“Nesta altura, o corpo humano tem de se adaptar à oscilação na produção de neurotransmissores e podem surgir alguns dos sintomas atrás descritos associados à astenia da primavera, consoante uma maior ou menor sensibilidade individual.”
As causas não se resumem a estes fatores. As alergias podem também influenciar o nosso bem-estar e funcionar como um catalisador da astenia, bem como o stress e o sedentarismo.
A boa notícia é que a astenia da primavera é uma condição temporária e, por norma, dura apenas duas a três semanas. Caso se prolongue, é aconselhável procurar a opinião de um médico especialista.
“Apesar de não ser reconhecida como uma doença, os especialistas podem prescrever medicação para ajudar com os sintomas. E, mais importante, fazer um diagnóstico correto”, realça Paulo Maia. Esta condição pode ser muitas vezes confundida com uma depressão sazonal, ou vice-versa, porque têm sinais de alerta muito idênticos.
Para não chegar a este ponto existem alguns hábitos de prevenção que pode implementar. “Ter um estilo de vida saudável é fundamental”, refere o especialista em medicina geral. Entre as várias medidas, Paulo Maia, destaca o poder da alimentação: “É importante fracionar as refeições, ou seja, comer menos e mais vezes ao longo do dia. E a dieta deve ser equilibrada e variada, rica em fruta e vegetais.” O café, o açúcar e os alimentos processados devem ser evitados durante estas semanas e a ingestão de água deve ser reforçada: “1,5 litros é o mínimo”, diz.
A par da alimentação, o clínico realça que o exercício físico tem também um papel fundamental. “Praticar qualquer atividade, pelo menos durante 30 minutos e de forma regular, aumenta a produção de endorfinas que promovem a sensação de bem-estar.” Outros das recomendações já é mais difícil de implementar: aprender a gerir o stress.
Paulo Maia recomenda ainda que opte por alimentos ricos em Vitamina C, B e antioxidantes. Carregue na galeria para descobrir os que deve incluir na sua rotina alimentar.