Tudo começou de maneira divertida e inofensiva, com orelhinhas de cães, bigodes de gatinhos e cabelos coloridos. No entanto, não demorou muito a surgirem os filtros embelezadores, que transformam completamente a aparência das pessoas fotografadas. Estas ferramentas disponíveis no Instagram e no Snapchat, vieram mudar, radicalmente, a forma como nos vemos ao espelho e como tratamos da nossa pele. Afinal, quem é que não quer ter uma tez perfeita, sem qualquer marca ou borbulha?
A acne, as rugas e as manchas são, provavelmente, os maiores inimigos dos rostos das mulheres em diferentes fases das suas vidas. Já existem diversos tratamentos, cremes e mezinhas para tratar estes problemas — nem todos com a mesma eficácia.
Um dos mais princípios ativos neste tipo de produtos encontra-se em algumas das frutas mais consumidas em Portugal. Falamos do ácido glicólico — o segundo princípio ativo mais pesquisado no Google — que é utilizado para esfoliar a pele e promover a sua regeneração.
Este ácido faz parte do grupo dos alfa-hidroxiácidos (AHA) e era, originalmente, extraído da cana-de-açúcar. Porém, ainda no final do século XIX, começaram a produzi-lo sinteticamente de forma a conseguirem controlar melhor a percentagem de ativos, para ajudar a prevenir qualquer reação dérmica.
Atualmente faz parte de uma vasta gama de produtos de cuidado da pele, que utilizam os benefícios deste ácido no tratamento de várias patologias. Além dos seus efeitos diretos, ajuda ainda, segundo o dermatologista Luís Uva, “a estimular a produção de colagénio e a renovação celular” — dois passos importantes para combater os sinais de envelhecimento.
Vantagens e riscos
O ácido glicólico corrige alguns dos problemas dermatológicos mais comuns, favorecendo a renovação celular das suas camadas superiores através da esfoliação. “A utilização desta molécula durante a rotina de skincare ajuda a combater a secura da pele, o eczema ou a psoríase, assim como as verrugas e a vermelhidão”, explica o especialista em dermatologia à NiT. Além disso, combate as alterações dérmicas relacionadas com o envelhecimento, como as rugas e os danos provocados pela exposição solar.
No que diz respeito às vantagens em relação a outras substâncias, tudo se resume à sua estrutura molecular. “Tem a ver com o tamanho da molécula do ácido determina a rapidez e a profundidade com que penetra nas camadas superficiais da pele. O ácido glicólico é muito pequeno, o que significa que funciona de forma rápida e eficaz”, acrescenta Luís Uva. Isto faz com que, ao acrescentá-lo aos cuidados diários, acaba por melhorar a absorção de outras substâncias, presentes nos restantes cremes que inclui na rotina.
Apesar de ser muito benéfico, o dermatologista deixa o alerta que “pode não ser a melhor opção para pessoas com pele sensível”. “Como o ácido glicólico tem uma estrutura molecular pequena, isso significa que reage rapidamente e pode, portanto, ter um efeito irritante em alguns casos.”
Em cremes ou outras preparações cosméticas, a quantidade do princípio ativo costuma ser 15 e 20 por cento de concentração. “Em tratamentos de acne e do envelhecimento, feitos em gabinete por profissionais de medicina estética costumam-se usar concentrações de 50 a 70 por cento”, acrescenta o médico.
Como o incluir na rotina de skincare
Além dos tratamentos feitos em gabinete, como os peelings químicos, pode — sempre com aconselhamento profissional — utilizar produtos que contenham este ácido na composição, no seu cuidado diário. “Pode escolher, por exemplo, um gel de limpeza com este ingrediente, para o ajudar a limpar os poros em profundidade, de manhã e à noite”, recomenda Luís Uva. Além deste passo, pode também fazer, duas vezes por semana, uma máscara que contenha uma boa percentagem de ácido glicólico e terminar o processo aplicando um creme com o mesmo ingrediente à noite, para evitar os raios solares, que podem causar alguma reação aos produtos com este ácido.
Porém, quem quiser aumentar os benefícios que este ácido tem para a pele, basta começar a incluir mais vezes alguns alimentos ricos neste ingrediente. Segundo a nutricionista Mariana Abecassis, o abacaxi, as uvas verdes, o melão e a beterraba são alguns dos alimentos ricos em ácido glicólico.
Destes, a beterraba é a menos consensual. Porém, quando bem empregue, acaba por ser a protagonista de pratos deliciosos. Carregue na galeria para conhecer 5 receitas em que pode incluir este legume.