Um estudo partilhado esta quarta-feira, 1 de março, mostra que o papel higiénico que usamos todos os dias contém substâncias polifluoroalquiladas (PFAS), que são depois libertadas para o meio ambiente — e que metem em risco a nossa saúde. As descobertas foram divulgadas na revista “Environmental Science & Technology Letter”.
As PFAS são uma família que junta milhares de substâncias químicas sintéticas criadas a partir da década de 40, e são muito usadas devido às suas características, como a resistência e durabilidade. Além do papel, estas estão presentes em muitos outros objetos que fazem parte do nosso dia a dia, nomeadamente cosméticos, utensílios de cozinha antiaderentes ou roupas, entre outros.
“Os PFAS são utilizados numa grande variedade de produtos de consumo e aplicações industriais, devido às suas propriedades fisico-químicas, uma vez que repelem o óleo e a água e são resistentes a temperaturas muito elevadas. Estas substâncias são usadas em revestimentos antiaderentes, nomeadamente para utensílios de cozinha, embalagens de papel para alimentos, cremes e cosméticos, têxteis para mobiliário e vestuário de exterior, tintas, fotografia, cromagem, entre outros”, explica a Agência Portuguesa do Ambiente.
Aqueles compostos já foram associados a vários tipos de cancro, como da próstata, rins e testículos, problemas de fertilidade, doenças cardiovasculares e distúrbios no desenvolvimento dos miúdos. Também podem levar a um aumento dos riscos de obesidade e ao aumento dos níveis de colesterol.
Os produtos que contêm aqueles químicos são mais difíceis de destruir, devido às ligações carbono-flúor, que se encontram entre as mais fortes da química orgânica. Atualmente, apenas são decompostos recorrendo à incineração a temperaturas muito elevadas ou irradiação por ultrassons.