Os famosos colares de âmbar que, supostamente, aliviam as dores dos bebés, sobretudo quando os dentes estão a crescer, podem, afinal, ser perigosos para os miúdos. A fase do nascimento dos dentes nos bebés é das mais desafiantes para os pais. Os miúdos choram, estão desconfortáveis e normalmente até fazem febre. Há quem tente de tudo para os acalmar, porém, pouca coisa resulta. Desesperados, muitos pais acabam por recorrer ao método do colar de âmbar, que todos os dias veem nas redes sociais como um suposto caso de sucesso.
Vendidos em lojas de pedras semipreciosas, blogues, sites na Internet ou páginas das redes sociais, os colares de âmbar podem custar entre 15€ e 25€ e são apresentados como um remédio homeopático tradicional para a dentição do bebé. O âmbar é uma resina vegetal que se tornou fóssil há aproximadamente 50 milhões de anos e é encontrada principalmente na região do Báltico. Segundo as lojas que vendem estes produtos, quando as pedras dos colares entram em contacto com a pele do bebé, aquecem e libertam quantidades minúsculas de um óleo essencial, que terá propriedades anti-inflamatórias no corpo. Desta forma, em teoria, o acessório serviria para aliviar as dores e desconfortos, como inchaço da gengiva e febre na altura do nascimento dos dentes.
Porém, não é bem assim. Segundo o pediatra Manuel Magalhães, não há estudos que comprovem os benefícios que muita gente atribui a estes colares. “É apenas uma crença, mesmo”.
Mais do que isso: os colares podem mesmo ser perigosos para a saúde. Existe um risco real de estrangulamento com o uso destas peças, até porque não são fáceis de retirar dos pescoços. O pediatra refere ainda que durante a idade da dentição, dos seis meses aos dois anos e meio, a criança mexe-se muito, mudando constantemente de posição. Por isso, existe o perigo do colar ficar pendurado em qualquer objeto e estrangular o bebé.
“Além disso, os estudos e as normas desencorajam o uso deste tipo de objetos”, explica à NiT.
O que fazer para atenuar a dor de dentes dos bebés
“Esta fase é sinónimo de dor, desconforto e um estado pró-inflamatório a nível bocal e até a nível generalizado que faz com que os bebés sofram e ficam desconfortáveis”, segundo Manuel Magalhães. Mas existe uma solução.
“O frio é o anti-inflamatório mais potente do mundo”. Por isso mesmo, o pediatra sugere os mordedores frios, muito colo e privilegiar a amamentação. “Esporadicamente, em casos que se justifiquem e com conselho médico, podem também medicar com paracetamol”.
Outra opção são os gelados de leite materno. “Estes reúnem duas das coisas que os bebés mais precisam neste momento por isso podem ser realmente interessantes para esta fase”, diz o autor do projeto “O Pediatra”, uma página de Instagram onde o médico fala sobre várias doenças que afetam os miúdos.
Depois de a ciência atuar, a única coisa que os pais podem fazer é deixar a natureza seguir o curso da vida.
“Embora difícil, não passa de uma fase muito natural e necessária em que o bebé toma consciência, através da dor, do seu corpo, conhecer novas sensações e crescer. Mas claro que devemos tentar amenizar a situação com conforto, mas sem nunca por em risco a saúde do bebé, seja com medicação, ou com este objetos mais perigosos”.