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I’m Nat. Miguel trocou a engenharia pela pasta de amêndoa — vende 500 quilos por mês

A marca I'm Nat nasceu na cozinha dos pais do fundador com base num amor de família. Entretanto, mudou-se para uma fábrica.
Miguel tem 33 anos e é o fundador da empresa. Foto: Paulo Côrte Real.

“A amêndoa é quase um amor de família.” Miguel Rodrigues, 33 anos, é formado em engenharia aeronáutica, mas deixou de lado os aviões para se dedicar à I’m Nat, a marca de snacks saudáveis feitos com produtos algarvios e que se tornou um sucesso além-fronteiras.

Quando era miúdo, Miguel passava fins de semana na quinta dos avós, em Castro Marim, a ajudá-los na apanha da amêndoa. Com um quintal cheio de amendoeiras, este fruto seco era a estrela dos jantares de família, “pelo menos até à altura da Páscoa”. No entanto, nunca pensou que o caminho que iria escolher aos 28 anos, o levaria novamente às raízes familiares.

Miguel escolheu a aeronáutica por “exclusão de partes”. “Era ótimo aluno a física e a matemática e adorava saber a ciência por detrás das coisas, sobretudo dos aviões. Como, na altura, ainda não tinha maturidade suficiente para saber o que queria fazer o resto da vida, acabei por escolher a engenharia aeronáutica. Até há poucos anos o curso superior era visto como uma segurança para o futuro.”

Licenciou-se e trabalhou no aeródromo de Tires no departamento de qualidade numa empresa de manutenção de aviões. Fazia o que gostava. No entanto, trabalhar por conta de outrém deixava-o “frustrado”, queria mudar, criar algo seu. Mas não foi fácil. “Pensei muito, e como era novo fazia sentido que fosse naquela altura”, recorda.

“Comecei como autodidata. Sabia que queria algo que fosse o reflexo do meu estilo de vida. Na altura, os frutos secos começaram a ter mais procura no consumo europeu, e houve, em simultâneo, um aumento da procura por produtos de alimentação saudável.”

Miguel olhou à sua volta a percebeu que havia muito potencial num certo produto que sempre fez parte da sua vida, conta à NiT. “A fama de qualidade superior e um sabor diferente da Amêndoa do Algarve, muito devido ao clima e variedades que são produzidas cá, aliado ao teor de gordura mais elevado, fez com que percebesse que o meu caminho tinha de ser por ali.”

Se dúvidas tivesse, foram dissipadas quando Miguel percebeu que a maioria deste fruto seco era mal aproveitado: “ou era abandonada, ou vendida em abundância com casca. Não havia um acrescentar de valor que este produto merecia”.

O amor pelo Algarve e pela alimentação saudável

Começou por criar receitas diferentes com a amêndoa. “Moía, triturava, experimentava, — tudo na cozinha dos meus pais. Peguei no melhor que temos na região para criar produtos saudáveis e práticos”, explica à NiT. Começou por torrar as amêndoas para vender aos amigos e familiares. Depois, pensou combiná-la com outro produto regional e lembrou-se da flor de sal. “Juntei ambos e criei uma explosão de sabores interessante.”

Agora com 33 anos, Miguel sempre acreditou no potencial das receitas, por isso registou a marca e começou a produzir e desenvolver mais produtos diferentes.

Uns meses após começar pensou noutro fruto, o figo do Algarve. “O doce mistura-se com a crocância da amêndoa e, mais uma vez, o sabor é surpreendente.” Nos primeiros tempos, o negócio baseava-se nestes produtos, feitos artesanalmente numa pequena cozinha. “Como a produção era limitad, era suficiente”, refere.

Nos anos que se seguiram, o que antes era “quase um hobby”, deixou de o ser. Miguel abandonou de vez a aeronáutica para se dedicar à marca de snacks saudáveis feitos com produtos algarvios. “As pastas de frutos secos estavam também a ganhar espaço no mercado. Havia muita gente curiosa, muitos adeptos da alimentação paleo, da dieta vegan, sem glúten, sem lactose. Ou seja, havia muita procura para pouca oferta”, explica.

“O passo seguinte foi encontrar uma fábrica com tudo o que precisávamos para responder aos pedidos que tínhamos. Encontrei-a no início de 2020, mas só em setembro é que comecei a produzir e abrir oficialmente a I’m Nat”, recorda.

As pastas de frutos secos são os produtos mais populares na marca. Produzem quatro: de amêndoa, caju, avelã e amendoim. O bestseller é a de amendoim, em embalagens de dois quilos, que Miguel Rodrigues desenvolveu para gelatarias, restaurantes ou cafés. “Os consumidores individuais também compram muito. Por semana, vendemos cerca de 250 baldes destes”, diz.

Porém, a I’m Nat tem outro tipo de produtos, feitos à base de frutos secos. Mais concretamente, as barras — um snack prático que pode ser levado para todo o lado e existe em vários sabores.

Entretanto, Miguel delegou a produção em mãos experientes, porque percebeu que “não conseguia estar em todo o lado”. Atualmente gere a empresa e trata de toda a parte comercial, que diz adorar. “Sempre fui fã de números, por isso até é mais fácil.”

Agora, quer ampliar a oferta e desenvolver as vendas online para o mercado internacional. “Reino Unido, França, Espanha, Alemanha e Estados Unidos já fazem parte da lista de países com clientes I’m Nat.”

“Queremos exportar para revendedores e para os consumidores finais. Mas também temos clientes que querem que sejamos nós a desenvolver receitas com certas especificidades.”

Pode comprar os produtos da I’m Nat através do site, ou nos pontos de venda físicos (enumerados na página).

A seguir, carregue na galeria para ficar a conhecer os bestsellers da marca e os respetivos preços.

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