E se lhe dissessem que conseguia melhorar a sua memória a longo prazo e reduzir a probabilidade de desenvolver doenças degenerativas com o simples hábito de pedalar intensamente durante seis minutos? Pode não acreditar, mas esta foi a descoberta feita por investigadores da Universidade de Otago, na Nova Zelândia e publicada no passado dia 13 de janeiro na “Journal of Physiology”.
Motivados por encontrar novas formas de aumentar a produção de uma proteína chamada fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), sem recurso a fármacos, os cientistas procuraram explorar novas abordagens para o efeito. Como em estudos anteriores já tinha ficado provado que o exercício físico estimulava a sua produção, os fisiologistas e médicos envolvidos decidiram começar por aí.
Para chegar a estas conclusões, os investigadores analisaram 12 voluntários fisicamente ativos, entre os 18 e 56 anos. Depois dividiram este grupo em três: quatro elementos fizeram 20 horas de jejum, outros quatro pedalarem durante 90 minutos e os últimos quatro fizeram seis minutos de cycling de alta intensidade. O objetivo era perceber em qual das equipas seria maior a produção da tal proteína, que permite o crescimento e a sobrevivência dos neurónios do cérebro e é importante para a memória a longo prazo.
As conclusões foram surpreendentes. As pessoas que fizeram o treino mais curto obtiveram melhores resultados em termos de produção de BDNF. Em comparação com o grupo que pedalar durante 90 minutos, os valores da proteína aumentaram cerca de 5 vezes mais. Segundo os investigadores envolvidos na pesquisa, isto pode acontecer devido ao aumento das plaquetas sanguíneas (que armazenam uma grande quantidade de BDNF) aquando a prática de exercício físico, sobretudo quando é mais intenso.
E não foi só isto que apuraram. No grupo do jejum intermitente os valores dos neuro protetores também aumentaram, embora não tanto como o dos que treinaram intensamente. Os investigadores admitem que juntar ambos os mecanismos pode ser vantajoso para estimular a função cerebral, sem recurso a medicamentos, ou tratamentos.
Contudo, é importante sublinhar que esta investigação não é representativa, uma vez que utilizou apenas 12 participantes. Mas serve de impulso para que outas pesquisas lhe sigam o exemplo.
O que é o jejum intermitente?
Consiste em intercalar períodos muito longos sem comer com as refeições. Na prática, o objetivo é fazer com que o corpo consuma a gordura que tem acumulada e que, consequentemente, haja uma perda de massa gorda. O jejum intermitente tem sido associado a inúmeros benefícios, como a perda de peso, a diminuição das inflamações no organismo e até mesmo à reposição dos níveis saudáveis de açúcar no sangue.
A forma de jejum intermitente mais comum é a 16/8. Ou seja, comer ao longo de um período de oito horas e jejuar nas restantes 16 horas do dia. No entanto, um jejum de 16 horas pode ser difícil de suportar diariamente, por isso o de 20 horas, será ainda pior.