A corrida é uma das modalidades desportivas que reúne mais adeptos. Não precisa pagar uma mensalidade no ginásio para praticá-la, com o benefício de conseguir treinar ao ar livre, muitas vezes por cenários inspiradores, como à beira-mar, em parques ou até mesmo pelas ruas da cidade. Há quem pratique corrida apenas por gosto, para se manter saudável e ativo, mas há também quem leve a paixão por este desporto a outro patamar (e que poucos desportistas são capazes).
Um desses exemplos está em Coimbra. Durante o dia, Rui Silva trabalha na área de planeamento e controlo de gestão, Unidade de Saúde de Coimbra. Nas horas vagas, supera-se em desafios de corrida. Antes de começar a dedicar-se ao mundo das ultramaratonas, postou na natação e nos desafios de BTT. “Simplesmente aconteceu, o meu chip mudou e comecei a sentir-me bem a correr”, conta o atleta à NiC.
A paixão pela corrida surgiu quando Rui tinha 40 anos, após um longo período de maus hábitos, como fumar e praticar pouco exercício físico. Atualmente, com 50 anos, o atleta acabou de completar a segunda prova onde correu 24 horas seguidas.
O desafio aconteceu nos dias 28 e 29 de novembro, na Avenida da Portela. O objetivo era completar 200 quilómetros, entre idas e voltas. Não foi a primeira vez, porém, que Rui se propôs a fazer este percurso, com estas condições. Em 2022, chegou aos 195 quilómetros. Este ano, devido a dores musculares e tendinites, o atleta não conseguiu ultrapassar os 152 quilómetros, com intervalos de apenas 10 a 15 minutos para comer e beber água.
Ainda assim, está orgulhoso da conquista e do apoio sentido. “É incrível como há sempre alguém que escolhe juntar-se, nem que seja apenas por uns minutos para acompanhar, apoiar ou mesmo ir só assistir”, explica. No entanto, o currículo de Rui no mundo da corrida não fica por aqui.
No dia 31 de agosto deste ano, Rui Silva conseguiu conquistar o tão desejado lugar nas finais do UTMB World Series, que tenta alcançar há cerca de três anos. A ultramaratona consiste em percorrer uma volta completa a Mont Blanc, percorrendo trilhos em França, Suíça e Itália. É uma das provas mais difíceis de concluir, no entanto, após 42 horas e meia, Rui chegou à meta. Nesta prova, são cerca de 166 quilómetros com um desnível positivo de cerca 9 mil metros.
Neste percurso há pausas a cada 20 quilómetros e postos de abastecimentos, onde os atletas podem comer, beber água, trocar de roupa ou até mesmo dormir. No entanto, em cada local há um horário obrigatório para começar a correr. Caso não seja cumprido, o participante fica fora da corrida. “A gestão da prova é feita por cada atleta”, conta Rui. No entanto, a verdade é que, por vezes, parar pode ser pior devido ao arrefecimento do corpo e dores musculares.
As conquistas não ficam por aqui. Este ano, Rui Silva foi o único atleta a completar a Rota Carmelita 12 vezes, onde cada viagem chegava às 42 horas e 40 minutos. “Queria concluir um número redondo para terminar o ano desta forma. Assim, fica uma média de um percurso por mês”, explica. O percurso une Coimbra ao Santuário de Fátima, com 111 quilómetros inspirados na obra da Irmã Lúcia que, em 1947, ingressou no Carmelo de Santa Teresa em Coimbra, onde viveu até à sua morte.
A maioria dos desafios são encontrados através do site Everesting, onde cada atleta pode escolher qualquer subida, de qualquer parte do mundo, e percorrê-la até atingir o número de quilómetros equivalente à altitude do Monte Evereste. Para concluir uma destas provas, Rui Silva treina todos os dias após o trabalho e deixa os treinos mais longos para o fim de semana.
A próxima prova que Rui irá cumprir, ainda este ano, é a corrida São Silvestre que acontece em Coimbra, no dia 14 de dezembro. Para esse dia, o objetivo é chegar à meta em menos de 40 minutos.
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