Este é dos alimentos menos consensuais. Ou se odeia, ou se adora — na maior parte dos casos não existe um meio termo. Porém, é o protagonista de um dos pratos mais típicos da gastronomia portuguesa e apontado como a solução para quem sofre de anemia. Falamos das famosas iscas, ou, para quem não está familiarizado com o termo, os bifes de fígado.
A anemia é uma condição clínica que resulta da diminuição do número de glóbulos vermelhos no sangue. Os glóbulos vermelhos contêm hemoglobina, que transporta oxigénio a partir dos pulmões para todo o corpo e, inversamente, transporta dióxido de carbono a partir dos tecidos para ser eliminado pelos pulmões.
Com a anemia, os glóbulos vermelhos deixam de ser capazes de distribuir oxigénio ao organismo de forma eficaz. Segundo a especialista em nutrição, para que se possam produzir glóbulos vermelhos e hemoglobina, o organismo necessita de ferro, vitamina B12, folatos e outros nutrientes que, normalmente, se obtêm através dos alimentos que consumimos.
“As iscas de fígado, usualmente aconselhadas para quem sofre de anemia por défice de ferro, além deste mineral, são também fonte de outros nutrientes importantes, nomeadamente, proteína, vitamina D, vitaminas do complexo B, ácido fólico, zinco”, refere Rita Ribeiro. Estes componentes ajudam o organismo a metabolizar alimentos, auxiliam na produção de células vermelhas do sangue, protegem o sistema nervoso e ajudam na prevenção de alguns problemas de nascimento. Além disso é um dos poucos alimentos que são fontes naturais de vitamina D. Este fornece 12 por cento da quantidade diária recomendada por cada porção de 100 gramas. Esta vitamina exerce um importante papel na saúde dos ossos, no sistema imunitário e é ainda um anti-inflamatório.
Além de muito benéfico para quem sofre de anemia, é também aconselhado para atletas. Isto porque 25 gramas de fígado de vaca representam cerca de 149 calorias e 25,7 gramas de proteínas. Isto significa que é rico neste nutriente importante para a construção do músculo. Para quem procura um dieta rica em proteínas a escolha não será certamente difícil. Aliás, é mesmo considerada uma das carnes que mais possuem nutrientes para o nosso corpo. Para se ter uma ideia do poder deste alimento, possui nove dos 13 tipos de vitaminas existentes.
Tem muitos benefícios, mas cuidado
“Contudo, deve moderar o consumo desta carne”, alerta a nutricionista Rita Ribeiro da clínica Fisiogaspar. E explica: “A carne de fígado, apesar de pouco calórica, possui um teor de colesterol elevado e é rica em purinas (o ácido úrico é produto final da metabolização dos nucleótidos púricos), pelo que deverá ser incluído numa dieta variada e equilibrada”.
Além disso, o fígado também deve ser consumido com cuidado na gravidez, pois, embora tenha ferro e ácido fólico, que são nutrientes importantes na gestação, contém elevadas quantidades de vitamina A. Este componente, quando em excesso, pode ser prejudicial para o desenvolvimento do feto, especialmente durante o primeiro trimestre.
De modo a manter uma dieta nutritiva e equilibrada, esta carne é apenas uma das muitas opções que devem ser incluídas, regularmente, na alimentação. A batata, por exemplo, é útil para quem pretende eliminar o açúcar do sangue de forma natural e saudável. Já o alho francês pode ser um importante aliado para os que desejam preservar uma aparência mais jovem e cuidada.
Caso o problema sejam as digestões difíceis, aposte nas ervilhas. Se for o sono que lhe causa dores de cabeça, os kiwis e as cerejas talvez ajudem. O pêssego, por seu lado, é um importante cúmplice na luta contra a prisão de ventre.
As recomendações da Organização Mundial de Saúde é que coma peixe — pelo menos, três vezes por semana. Carregue na galeria para conhecer algumas receitas com dourada.