Trocar o açúcar por um adoçante sem calorias parece uma escolha óbvia e simples, sobretudo para quem não quer ingerir calorias extra. Este tem sido, até agora, o principal motivo do elevado consumo deste tipo de alternativas e que são muitas vezes incluídas nas nossas bebidas preferidas. Porém, podem não ser tão benéficas quanto se julga — muito pelo contrário.
De acordo com um novo estudo, publicado a 23 de fevereiro na revista “Nature Medicine”, o consumo de eritritol — usado a granel ou para adoçar produtos à base de stevia e com baixo teor de açúcar — está a associado a um maior risco de desenvolver problemas relacionados com a coagulação do sangue, acidente vascular cerebral (AVC), ataque cardíaco e morte.
Tal como o popular xilitol, o eritritol é um açúcar de álcool, naturalmente presente em muitas frutas e vegetais. Tem cerca de 70 por cento da doçura do açúcar e apenas cinco calorias. Por ter estas características tem sido muito consumido por quem procura manter um estilo de vida saudável.
“Tornou-se o adoçante favorito da indústria alimentar, um aditivo extremamente popular em dietas keto [um regime alimentar rico em gorduras e low carb] e outros produtos e alimentos com baixo teor de hidratos de carbono comercializados para pessoas com diabetes”, disse o autor principal do estudo, Stanley Hazen. “Alguns dos alimentos rotulados para diabéticos que analisámos tinham mais eritritol do que qualquer outro ingrediente por peso.”
A investigação concluiu que as pessoas que apresentavam fatores de risco prévios para doenças cardíacas e diabetes, tinham duas vezes mais probabilidades de sofrerem ataques cardíacos ou AVC se tivessem níveis mais elevados deste adoçante no sangue.
“Se o nível de eritritol no sangue estivesse nos 25 por cento superiores em comparação com os 25 por cento inferiores, o risco de ataque cardíaco e AVC era cerca de duas vezes maior. Está ao nível dos fatores de risco cardíaco mais fortes, como a diabetes”, revelou Hazen.
A descoberta aconteceu por acaso, revelou o médico responsável: No início, queríamos encontrar substâncias químicas ou compostos desconhecidos no sangue de uma pessoa que pudessem prever o seu risco de ataque cardíaco, AVC ou morte nos três anos seguintes. Para tal, começámos a analisar 1.157 amostras de sangue de pessoas com risco de doença cardíaca, recolhidas entre 2004 e 2011 e encontrámos uma substância que parecia desempenhar um grande papel, mas não sabíamos o que era”, explicou Hazen. “Depois descobrimos que era eritritol, um adoçante.”
Para que não houvessem dúvidas, os investigadores testaram outro lote de amostras de sangue de mais de 2.100 pessoas nos Estados Unidos e mais 833 amostras recolhidas por colegas na Europa até 2018. Cerca de três quartos dos participantes das três populações tinham doença coronária ou pressão arterial alta, e cerca de um quinto tinha diabetes, indicou o médico respoonsável. Mais de metade eram homens e tinham entre 60 e 70 anos. No final, o resultado foi o mesmo: níveis mais elevados de eritritol estavam ligados a um maior risco de ataque cardíaco, AVC ou morte nos três anos seguintes.
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