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cultura

Universo circense e cultura cigana inspiram peça de teatro em Coimbra

"Mistura" deu origem à adaptação de um texto de Plínio Marcos. Estreia dia 1 de junho no Teatro da Cerca de São Bernardo.
Foto Eduardo Pinto.

A Escola da Noite e a Quinta Parede estreiam esta quinta-feira, 1 de junho, a peça “O Homem do Caminho” no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra. O espectáculo de Plínio Marcos foi encenado por José Caldas e ficará em cena durante três semanas (de quarta-feira a domingo).

“O Homem do Caminho” é um monólogo teatral adaptado pelo autor brasileiro Plínio Marcos a partir do conto “Sempre em frente”, que faz parte do segundo volume de “Histórias populares: canções e reflexões de um palhaço”, publicado em 1987. Com o mesmo título do monólogo, o texto foi posteriormente publicado como a terceira parte do livro de memórias circenses de Plínio Marcos, “O truque dos espelhos” (1999). É inspirado pelo universo circense e pela cultura cigana, com os quais Plínio conviveu de perto no início da sua carreira, nos seus tempos de palhaço Frajola.

Iur — a personagem única da peça — é um dos homens do caminho: anda sem termo, não teme fazer frente ao mistério e conta-nos esta história na primeira pessoa. Tem três nomes, sendo que um deles é desconhecido pelo próprio Iur. Essa condição é uma forma de enganar a morte: quando chegar a sua vez, ele não vai escutar o chamamento. Declara que um saltimbanco reúne três grandes artes: contar histórias, ser mestre de enganos, roubos e ilusões e o sexo.

“O Homem do Caminho” apresenta as artes nómadas como um ato de libertação dos seus públicos, entre os quais se destacam, por um lado, os homens — “fixos” — associados a uma vida rígida, burocrática e repressiva; e, por outro lado, as mulheres — contidas, desoladas e silenciosas — presas às vidas “secas” ao lado dos “homens-pregos”.

Trata-se da 76.ª criação da companhia profissional A Escola da Noite e a terceira visita da companhia à obra de Plínio Marcos, depois de “Dois Perdidos Numa Noite Suja” (2004, com encenação de Sílvia Brito) e de “O Abajur Lilás” (2012, em co-produção com o Cendrev, encenação de António Augusto Barros). Insere-se na linha de trabalho dedicada à dramaturgia brasileira, que tem levado a companhia a apresentar obras de autores como Nelson Rodrigues (“A Serpente”, 1998), Cleise Mendes (“Noivas”, 2005) e Bosco Brasil (“Novas diretrizes em tempos de paz”, 2013).

José Caldas, encenador brasileiro há muitos anos radicado em Portugal, faz parte desse percurso da companhia, foi responsável pela encenação de “A Serpente”, estreada nos primeiros anos do grupo, na antiga sala-estúdio do Pátio da Inquisição. Na adaptação que fez para este espetáculo, Caldas (que partilha o palco com Allex Miranda e Juliana Roseiro) desdobrou as falas da personagem, acentuando o diálogo interior de Iur na reflexão que faz sobre o caminho que é preciso continuar a trilhar.

“O Homem do Caminho” mantém-se em cena no Teatro da Cerca de São Bernardo até dia 18 de junho, com sessões às quartas e quintas-feiras (19 horas), às sextas e sábados (21h30) e aos domingos (16 horas). É recomendado para maiores de 16 anos e tem a duração de 60 minutos. Os bilhetes podem ser reservados pelos contactos habituais do Teatro da Cerca de São Bernardo — 239 718 238, 966 302 488 ou email. Custa 10€.

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