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Um ano sem sexo e a loucura em Portugal: a primeira entrevista de Ângelo Rodrigues

"Não pretendo repetir estas brincadeiras", garantiu o ator de 37 anos em conversa com o humorista Salvador Martinha.
Esteve perto da morte.

Ângelo Rodrigues acabou de entrar na “terceira temporada” da sua vida após ter estado em coma pela segunda vez. Esta terça-feira, 21 de janeiro, deu a primeira entrevista após a alta hospitalar a Salvador Martinha, no podcast “Ar Livre” — e a conversa passou por vários tópicos.

O ator de 37 anos, que na semana passada esteve em coma induzido no Hospital de São José, em Lisboa, devido a uma pneumonia por aspiração, garantiu que não deixou que o “circo mediático” o deitasse abaixo. Afinal, já tinha passado pela mesma situação em 2019. Para não ler tudo o que escreviam sobre ele, decidiu afastar-se das redes sociais.

“Sinto-me bem, sinto-me fisicamente bem. Moralmente forte, blindado, até porque já passei por este processo uma vez, então há algumas coisas que já estão automatizadas, já dessensibilizei algumas coisas, já não me tocam tanto”, destacou.

“Já sabia que as proporções iam ser igualmente fortes. Se pudesse, agora desaparecia quatro ou cinco meses, voltava só para trabalhar ou assim ou fazia mais uma viagem, só que tenho de dar o peito às balas. Tenho de assumir.”

Durante esta parte da conversa, Ângelo Rodrigues, que está atualmente em recuperação na casa da mãe, pediu aos portugueses empatia pela sua situação.

“Quero acreditar que a maioria das pessoas tem os pés assentes no chão e são boas pessoas, logo entendem e têm empatia pelo outro. Entendem que cada um de nós tem a sua luta. Todos nós temos os nossos problemas e, às vezes, as coisas extravasam, correm mal.”

Apesar de ter conseguido brincar com a situação, a estrela de “Olhar Indiscreto”, uma minissérie brasileira da Netflix, revela que temeu pela sua vida e que os médicos lhe disseram que teve perto da morte. “Não pretendo repetir estas brincadeiras”, garante.

“Deixei toda a gente preocupada e isso é o que me mata o coração. Preocupei a minha família desnecessariamente e depois os meus amigos porque mais uma vez, cinco anos depois, eu tenho a história de onde é que eles estavam quando tiveram a notícia de que eu estava em coma.”

No hospital acordou com desnorte total, perda de memória e não conseguia perceber onde estava. “Nas primeiras horas foram as outras pessoas que me contaram o que aconteceu e a minha cabeça foi fazendo uma manta de retalhos como se fosse um puzzle e montei a história.”

Nestes casos, o processo normal é os médicos fazerem questões básicas. Quando lhe perguntaram o nome, conseguiu responder. Difícil foi perceber em que mês estava. Além disso, sentia dificuldade a andar e teve de ser carregado por duas enfermeiras para se deslocar. 

O vómito que entrou nos seus pulmões, onde havia “restos de francesinha vegetariana”, também afetou a forma como sente o sabor da comida atualmente. “Parece que tenho a laringe queimada”, explicou ao falar sobre as sequelas do coma.

No final da conversa, o ator referiu-se ao seu estilo de vida. Quando está em Portugal, afirma estar mais próximo da filosofia do hedonismo e, quando viaja, está mais perto do estoicismo. Ou seja, recusa sentimentos externos como a paixão e os desejos carnais.

“Estive um ano sem interações sexuais para perceber se conseguia. Fui-me desinteressando pelas mulheres e penso que me fui tornando mais profundo e num ser humano melhor”, começa por explicar.

Quando regressou a Portugal, a sua vida mudou por completo. Segundo a TVI, o último incidente terá tido origem numa festa onde o ator esteve, antes de ter sido encontrado inconsciente no hotel Evolution, no Saldanha, a 12 de janeiro. Os socorristas terão encontrado Ângelo Rodrigues inanimado e “sob o efeito de um cocktail de álcool, drogas e medicamentos”, uma informação que foi depois confirmada pelo mesmo num story do Instagram, onde a descreveu como uma “mistura infeliz de substâncias psicoativas”. 

“O meu objetivo agora é encontrar um meio-termo”. Mesmo assim, garante que o coma não vai levar ao fim este “momento incessante da vida” em que está.

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