Quadros, garrafas de vinho, aguarelas do século XIX, negativos em vidro, postais, peças em madeira feitas por artesãos, obras de Paula Rego, Kamasutra, charutos, livros, bonecas e esculturas. E o que tem tudo isto em comum? A arte erótica, de várias culturas, desde os tempos mais longínquos até aos dias de hoje. No Museu de Arte Erótica de Coimbra existem aproximadamente 500 artigos expostos em vitrines e nas paredes e mais de 1000 em depósito.
Esta galeria mais ou menos secreta fica no segundo andar de uma livraria especializada em banda desenhada, a Dr. Kartoon, e a entrada é grátis. A vantagem é que tem arte e cultura num só espaço. A mostra tem recebido turistas de todo o mundo, desde o Brasil, México e Cuba, que gostam de deixar os respetivos carimbos no Livro de Sugestões e de Aclamações.
Passar por esta galeria tão singular não é apenas uma experiência visual, é também imersiva. Os visitantes são convidados a interagir com alguns dos artigos, ao som dos clássicos “Je T’aime Moi Non Plus” de Jane Birkin e Serge Gainsbourg, e “Emmanuelle” de Pierre Bachelet que parecem sussurrar no ouvido.
O conimbricense Manuel Fernandes, de 65 anos, é o curador da exposição. Foi dirigente académico do Ciclo de Artes Plásticas durante vários anos, onde teve contacto com dezenas de artistas. Por isso mesmo, decidiu partilhar com o público a sua coleção — que representa uma vida inteira — há cerca de três anos. Desde aí, a galeria nunca mais parou de crescer.
“São as peças que nos encontram, não vamos à procura delas. Convidaram-me para fazer uma exposição temporária, mas passou a definitiva”, assegura Manuel Fernandes, recordando as viagens onde adquiriu algumas das peças. “México, Brasil, Tailândia, França, mas principalmente Amesterdão, que foi a verdadeira inspiração”.
Num universo de tantos artigos e, questionado sobre os que têm mais significado para si, Manuel Fernandes destaca de imediato o azulejo de Paula Rego, os quadros pendurados nas paredes de artistas portugueses contemporâneos, como o mestre João Dixo, e alguns até da sua autoria. O curador recorda ainda que o tema do erotismo “teve o seu auge no século XIX” e que o Museu de Arte Erótica de Coimbra pretende levar-nos numa verdadeira viagem de autêntico erotismo.
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