É na Praça das Cortes, em Santa Clara junto à ponte sobre o Mondego e com vista para o casario encimado pela Torre da Universidade, que Coimbra apresenta um dos museus mais pequenos do mundo. Chama-se simplesmente Museu e é ao mesmo tempo uma obra de arte e um museu experimental, que ficou envolto em polémica desde o dia da inauguração.
Inaugurado em 2015 no âmbito da Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, um evento organizado pelo Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), o Museu foi pensado em 2001 e construído 14 anos depois. Esteve então cerca de um ano sem atividade até que lhe foi atribuída verba municipal. Na altura, os dez mil euros de fundos camarários para a programação do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, causaram celeuma na opinião pública, que chegou a chamá-lo de “caixote de luxo”. Nas paredes, chegaram a estar inscritas frases como “Tanto Museu sem Artista tanto Artista sem Museu” ou “Vandalismo também é Arte”.
Hoje, passa despercebido a quem for mais distraído na rua, porque tem uma arquitetura simples e discreta. As dimensões, de aproximadamente três por quatro metros não deixam adivinhar que tem “duas salas”, em forma de vitrines. É um edifício retangular com duas entradas e sem portas.
Alguns minutos são suficientes para ver o Museu, ao entrar por uma entrada e sair pela outra, logo ali a dois passos. Mas a interação com o público não se esgota na singularidade da breve visita. O que pretende é questionar, de forma filosófico-artística, mas também sensorial, a forma como funcionam os museus. Por esta razão, foi criada a “experiência de visitar um museu cuja dimensão pode ser percebida num relance, cuja função está exposta ao público e cuja atividade depende diretamente do público”.
“Perhaps (after all there is no message)” é uma das exposições patentes no Museu, até dezembro. Da autoria de Eduard Arbós, o trabalho foi criado no âmbito de um trabalho mais amplo sobre a imagem e a linguagem, sobre de um problema ocular grave, com o projeto “A shot in the eye”. O artista “escreve sobre o muro, com um berbequim”, a frase de John Cage que dá título à obra: “O mais profundo é a pele”.
Na galeria mesmo ao lado, pode ver-se uma reprodução de um cartaz que fez história, em diversas cidades do mundo, por se tornar uma obra de arte para além da estória impressa em oito folhas de formato A1. “O cartaz transporta o texto para outro espaço, a composição afasta-se da literatura e aproxima-se da escultura. A solução gráfica adotada procura conciliar o texto com a escultura, a semântica com a fisicalidade das palavras. A História do Homem parece migrar do livro para as ruas da cidade.”
O espaço concebido e desenhado por Luís Tropa, tem três funcionários com funções definidas: o diretor, o curador e o conservador. Ao diretor compete escrever o anúncio-convite, receber as propostas, avaliá-las e selecionar a final. Também a si compete o tempo de exibição e a frequência de novas exposições. O curador prepara os objetos escolhidos para serem expostos nas duas vitrinas, assim como os textos que os acompanham. Ao conservador reserva-se o acesso às vitrinas. É ele o responsável pelo correto acondicionamento das peças, assim como pela cenografia expositiva dos objetos, segundo o guião dado pelo curador, afiança o CAPC.
Coimbra é rica em espaços museológicos. Desde a Água à Ciência, da Arte Contemporânea à Zoologia ou do Museu Nacional Machado de Castro à Biblioteca Joanina a cidade perpetua memórias e expõe as mais variadas expressões artísticas.
De seguida carregue na imagem e veja mais pormenores do Museu.