Uma dor de barriga intensa durante um voo no Nepal, um encontro quase mortal com um gorila e uma massagem de cariz quase erótico na Índia. Estas são apenas algumas das histórias insólitas que Fábio Porchat conta na sua nova digressão por Portugal, que terá início a 28 de setembro em Albufeira, no Algarve.
Intitulado “Histórias do Porchat”, o espetáculo já passou por países como Angola, França e Irlanda, baseando-se nas diversas experiências que o humorista brasileiro viveu durante as suas viagens. A ideia para este projeto surgiu em 2021, num período pós-pandemia, quando Fábio sentiu que as pessoas precisavam de momentos de riso.
“Aqui não há nada polémico ou político. É simplesmente para rir. Comecei a pensar nas histórias que tinha e percebi que todas eram relacionadas a viagens, tanto no Brasil como pelo mundo. Decidi que esse seria o meu fio condutor. São histórias que costumava contar aos meus amigos à mesa de um bar”, explica o humorista de 41 anos.
Além de Albufeira, a digressão incluirá cidades como Leiria, Lisboa, Caldas da Rainha, Beja, Porto, Funchal, Vila Real, Coimbra e Braga. Os bilhetes já estão disponíveis online, com preços que variam entre 24€ e 40€, dependendo do local.
A seguir, leia a entrevista de Fábio Porchat à NiC.
Prestes a regressar ao nosso País, como se sente?
Em Portugal já me sinto em casa. É como se tivesse pegado no carro e apenas tivesse ido a um bairro diferente. A receção calorosa, a deliciosa comida e a segurança do País fazem-me sentir à vontade. Gosto imenso dos portugueses e das suas características. Estou entusiasmado por passar dois meses aqui.
O que espera comer enquanto estiver por aqui?
Quando venho Portugal, como tudo. Sou maníaco. Como as pessoas sabem que gosto de comer, costumam levar-me a experimentar pratos típicos, como o bacalhau ou a carne. Gosto de tudo e não tenho favoritos, mas adoro frutos-do-mar e leitão. Tento ir sempre à Mealhada comer leitão. Também gosto de ouvir fado e de visitar as casas típicas. E não posso deixar de mencionar o Solar dos Presuntos; costumo dizer que cheguei a Portugal assim que lá comi.
Irá fazer apresentações em cidades onde nunca atuou. Quais são as expectativas?
Já fiz muitos espetáculos em várias cidades de Portugal e, apesar de já ter estado em localidades como a Madeira, nunca me apresentei no Funchal. Sei que o povo português gosta de ir ao teatro e de se rir. Além disso, é fã do Porta dos Fundos. As minhas expectativas estão altíssimas e espero que se repitam as experiências que tive e que o povo continue a dar risada como sempre deu.
No espetáculo refere um episódio em que esteve frente a um gorila. Temeu pela sua vida?
Foi um dos momentos mais pesados da minha vida porque fiquei realmente com medo. O gorila levantou-se do nada — estava no canto dele — e correu na minha direção. Nós ficámos frente a frente. Os guias já tinham dito que isso podia acontecer, então só fiquei paralisado, sem olhar diretamente para ele, respeitando o seu espaço. Em bom português, fiquei acagaçado. Depois consegui rir-me daquele momento.
Qual é a sua história favorita entre todas as que conta no espetáculo?
Gosto realmente de todas elas. Uma nova que conto é de um susto que a minha ex-mulher teve num parque de diversões da Disney. Divirto-me muito a contar essa. Toda a gente se identifica com aquela sobre a dor de barriga que tive num avião no Nepal em que não havia casa de banho. Também me divirto muito com a massagem quase erótica que fiz na Índia. Podia estar casado com o massagista atualmente.
Acredita que as situações o perseguem ou é o Fábio que vai atrás delas?
Como viajante estou sempre aberto a experiências. Quando estamos abertos, as experiências chegam até nós. Não podemos só viajar e ver o que acontece. Temos de viajar e tentar desvendar os lugares, ir atrás, poder deixar em aberto o radar que depois nos guia. Para onde será que me está a mandar ir? O que devo fazer e por onde devo ir? Isso é que me deixa mais propenso a viver estas experiências. Claro que sempre dá algo errado com toda a gente, por isso porque é que não daria comigo também?
Quando teve a ideia de criar este espetáculo?
Em 2021, quando estávamos a sair da pandemia.
E, por que decidiu começar a desenvolvê-lo nessa altura?
Eu já estava há uns cinco anos sem fazer stand-up. Foi uma paragem maior do que o que eu gostaria. Achei que aquele seria o momento ideal para voltar ao teatro para que as pessoas pudessem dar risada juntas. Aqui não há nada de polémico e de política. É simplesmente para nos rirmos. Comecei a pensar que histórias tinha e percebi que todas as que me vinham à cabeça eram ligadas a viagens, quer fossem pelo Brasil ou pelo mundo. Pensei logo que esse seria o meu fio condutor. São, essencialmente, histórias que contava na mesa do bar e para os meus amigos.
O espetáculo já passou por vários países. Como tem sido a experiência de estar numa digressão tão longa? É cansativa ou quem corre por gosto não se cansa?
É ótimo poder viajar e levar isto para públicos diferentes, porque essa é a função do artista. Não é criar e ficar com algo para nós, mas sim poder dividi-la. Em fevereiro vou ao Canadá e aos Estados Unidos. É incrível quando conseguimos ir por outros caminhos e fazer rir noutros lugares. Sim, quando se corre por gosto não se cansa (risos). É isto que sei fazer e que faço da vida, foi isto que escolhi. É tão difícil poder fazer o que mais apreciamos e gostarmos do que fazemos que, quando isso acontece, temos de ficar cansados com um sorriso no rosto.
O que podemos esperar de “Histórias do Porchat”?
Acho que podem esperar momentos de diversão e rir muito. Nós cronometrámos o espetáculo e tem de haver risos a cada dez segundos. É um tiro atrás do outro para nos rirmos e esquecermos um pouco da vida. Durante uma hora e quinze, sentimo-nos bem a rir. E podem levar a família toda: os miúdos, os adolescentes, os velhos. Toda a gente vai gostar. São mais de 250 mil pessoas que já se divertiram com este espetáculo e é um prazer estar de volta a Portugal. Corram para comprar os bilhetes porque estão a acabar.