A 44.ª edição da Feira do Livro de Coimbra volta a realizar-se na Praça do Comércio entre 23 de junho e 2 de julho. Na praça histórica da cidade, vão estar 40 expositores em representação de editoras, livrarias, alfarrabistas e projetos editoriais de âmbito nacional. A zona lounge e o auditório polivalente, junto à Igreja de Santiago, mantêm-se.
Dirigida a todos os públicos, a programação coloca a tónica na promoção do livro e da leitura através da apresentação de obras literárias e conversas com diversos autores. O objetivo do evento é impulsionar “dinâmicas criativas e dialogantes, a reflexão, o encontro” em torno das obras literárias. Para tal está prevista a presença de vários escritores de relevo nacional e internacional, bem como músicos e projetos artísticos que protagonizarão concertos e outras atuações que têm como fundamento a narração performativa, a performance poética e a criação literária.
O primeiro dia da iniciativa (23 de junho) é assinalado pelo coletivo multidisciplinar Lisbon Poetry Orchestra, com um concerto inédito que cruza música, poesia e projeção de vídeo num espetáculo surrealista, dando continuidade à tour iniciada em Lisboa, com “Os Surrealistas”. No decurso do espetáculo, às 21 horas, serão evocados — através de imagem, voz e música — nomes como Mário Henrique Leiria, Mário Cesariny, O’Neill, Pedro Oom, António José Forte, António Maria Lisboa e outros que deixaram a sua marca de provocação e reivindicação, que se mantêm atuais nos dias de hoje.
A 28 de junho, também às 21 horas, realiza-se o concerto de Maze (André Neves) e Spock (Hugo Rafael) que irá apresentar “Simbiose”, disco com o selo da editora Contentor Records. Para 29 de junho, às 21 horas, o rapper e poeta português NERVE (nome artístico de Tiago Gonçalves) apresenta ao público “Purga”, rubrica que fundou com o objetivo de dar espaço à poesia original, dita por quem a escreve. Esta sessão de poesia conta com a participação especial do autor convidado Jose Algo.
Nos dois últimos dias do evento, estão agendados os concertos de “Estilhaços de Escuridão” (1 de julho) e de A garota não (2 de julho). Fundado em 2004, o coletivo “Estilhaços” nasceu como um espetáculo de spoken word que presta homenagem à poesia e aos poetas, em que Adolfo Luxúria Canibal percorre um repertório composto por um conjunto variável de textos e poemas do seu livro homónimo e de outros autores, acompanhado por António Rafael (piano e outros teclados), Henrique Fernandes (contrabaixo) e Jorge Coelho (guitarra).
Cátia Mazari Oliveira, a intérprete que adotou o nome artístico A garota não, cantautora natural de Setúbal — onde nasceu e cresceu — canta a intervenção através de inspiradoras canções que são um ato de reflexão, de cidadania e de liberdade. “2 de Abril” é um álbum multipremiado e considerado pela crítica como um dos “Melhores Álbuns Nacionais do Ano”.
Outras propostas
A dimensão da língua portuguesa na sua multidiversidade é ainda privilegiada no eixo temático “Ciclo Cidadania da Língua”, com curadoria da Associação Portugal-Brasil 200 anos. Este segmento irá abordar a língua portuguesa numa perspetiva global, através de uma palestra, debate e outras conversas que conduzirão o público ao conhecimento de outras nacionalidades. Através do mesmo idioma, vão estar presentes autores premiados como Laurentino Gomes ou Djamila Ribeiro. O Ciclo Cidadania da Língua acontecerá a 24 de junho (às 21 horas), 25 de junho (às 19 horas), 28 de junho (às 19 horas) e 2 de julho (às 16 horas), no espaço polivalente do evento.
Quanto ao “Ciclo Emergente”, o objetivo é explorar os novos talentos e a sua relação com o território. Com curadoria da Associação Apura, a iniciativa procura dar visibilidade a jovens e novos artistas de Coimbra que desenvolvem trabalho através de uma forte relação com a palavra, manifestando-se em múltiplos formatos performativos.
O Centenário da Biblioteca Municipal de Coimbra (BMC) será lembrado ao longo do evento. As ações da BMC pautam-se, entre outras, pelo segmento “Artes do Livro”, em que o público pode aprender a restaurar obras (29 de junho, das 15 às 16 horas) e a encadernar livros (30 de junho, das 15 às 16 horas), na zona lounge do recinto. No mesmo espaço, decorrerá o lançamento de “Contos de um outono e poemas de um qualquer Amor”, da autoria de Ruth Colaço, a que se junta uma desgarrada poética (25 de junho, às 15 horas) e o lançamento das obras “A um Deus do Céu e outros Contos”, de Maria de Fátima Cardoso, com apresentação de Rui Amado (29 de junho, às 17 horas) e “Homens Livro”, de Bento Ramires, Carlos Marta e Rui Guedes (1 de julho, às 19 horas). Nos dois últimos dias do evento, a Feira do Livro oferece aos mais novos um encontro com João Manuel Ribeiro e José Fanha que exploram, respetivamente, as obras “Dentes de Leão” e “Histórias na ponta de um sorriso”.
No ano em que se assinala o Centenário do Nascimento de Eduardo Lourenço — ensaísta, escritor, professor e pensador —, a edição 2023 da Feira do Livro de Coimbra dedica uma parte significativa da programação ao escritor que se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Com a curadoria da Associação Há Baixa, o escritor será homenageado através da criação de uma peça de arte urbana exclusiva, concebida pela artista AHENEAH em conjunto com o Saco da Baixa. Parte do processo de execução desta obra decorrerá ao vivo, nos dias 23 e 24 de junho, sendo inaugurada no dia 30 de junho, às 16 horas.
Recorde-se que Eduardo Lourenço recebeu a Medalha de Ouro da Cidade a 22 de junho de 2001 e viu-lhe ser concedido o grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra. Em 2015, doou à Câmara Municipal de Coimbra uma parte do valioso património documental da sua biblioteca particular. Esta coleção composta por mais de 3.000 documentos — como monografias e periódicos da sua autoria e de autores estrangeiros — encontra-se na Sala Eduardo Lourenço da Casa da Escrita. A Feira do Livro é uma iniciativa do município de Coimbra em parceria com várias entidades locais e o apoio do Forum Coimbra, Fundação INATEL e “A Previdência Portuguesa”.