No início de outubro, Cláudia Ribas bateu a concorrência e venceu o grande prémio da 57.ª edição do Concurso Vocal Internacional dos Países Baixos — além de ter recebido outras três distinções. A mezzo-soprano portuguesa é um nome desconhecido no País de origem, mas começa a destacar-se a nível internacional.
“Este é um concurso de grande escala e tem muita visibilidade (…) Tendo ganhado este concurso, tenho um pouco mais de peso. Em alguns casos nem preciso de fazer audições para conseguir um trabalho”, disse a artista à “Lusa”, aqui citada pelo “Notícias ao Minuto”.
A mezzo-soprano de 31 anos foi considerada ainda a favorita do público e ganhou os prémios Wagner e do Júri Júnior. Concorreu com os temas “Höre mit Sinn, was ich dir sage” de “O Crepúsculo dos Deuses” de Richard Wagner, e “Mon coeur s’ouvre à ta voix” de “Sansão e Dalila” de Saint-Saëns. Em concurso estavam 67 concorrentes de 27 países.
“Fiquei surpreendida e super contente. É um sentimento de alegria e uma sensação que nem sei bem explicar. Quase não conseguia acreditar. Nunca sabemos quem está do outro lado a ouvir, não podemos antecipar o que o júri vai decidir”, acrescentou.
Cantava desde pequena e, aos 18 anos, a natural de Coimbra começou a estudar canto no conservatório da cidade. “Sempre cantei desde miúda. A minha mãe fazia parte do coro misto da Universidade de Coimbra e sempre fomos ligados à música, não de forma profissional, mas como hobby. A minha mãe foi uma grande incentivadora da música na minha casa, então sempre cantei na escola, nos recitais, às vezes no coro da igreja.”
Apesar do esforço, percebeu que não ia conseguir fazer carreira em Portugal. Após concluir a formação, tirou uma licenciatura no Conservatório de Amesterdão e um mestrado na Academia Real Dinamarquesa de Música.
“Senti que tinha de ser porque não estava muito agradada com a formação que estava a ter em Portugal e com a perspetiva de canto em Portugal (…) Então resolvi experimentar a minha sorte fora, e acho que fiz bem porque as pessoas que vejo que vieram para o estrangeiro têm tido muito mais sucesso do que as que ficaram. A perspetiva de trabalho em Portugal é muito limitada.”