45 anos depois de John Travolta e Olivia Newton-John brilharem em “Grease”, o universo deste musical está de volta com uma série chamada “Grease: Rise of the Pink Ladies”. Estreou esta quinta-feira, 6 de abril, na plataforma de streaming SkyShowtime. E conta com 10 episódios.
Esta é uma prequela da história original — passa-se quatro anos antes do filme e acompanha outras personagens. No centro da narrativa estão quatro raparigas estudantes da escola de Rydell High que são outsiders e estão fartas da forma como são tratadas. É por isso que se unem para formarem as “Pink Ladies” que estão no título da produção. Juntas vão espalhar o pânico moral e tornar-se uma força irreverente que inevitavelmente irá quebrar o status quo daquele liceu conservador do início dos anos 50.
Ainda assim, aquelas quatro miúdas vão debater-se com uma forte resistência — há inúmeros estudantes, pais e professores que estão dispostos a fazer (quase) tudo para que o ambiente se mantenha tradicional e para que não se dê espaço a modernices e rebeldias.
Segundo a crítica internacional especializada, por um lado, a série retrata este choque geracional e cultural nos anos 50 — a grande década de conservadorismo nos EUA, antes do movimento hippie que marcou a década de 60 e tudo aquilo que se seguiu. Por outro, é uma série algo fantasiosa, no sentido em que não retrata a sociedade tal como ela existia — dificilmente quatro raparigas teriam aquela audácia naquela altura, tendo em conta os padrões da sociedade em que estavam inseridas. Acaba por também refletir sobre alguns desses constrangimentos que permanecem até aos dias de hoje.
Assim, as protagonistas terão de enfrentar inúmeros obstáculos e desafios, colegas rivais e adultos difíceis, para conseguirem alcançar a liberdade que tanto desejam para se expressarem e poderem viver mais descontraídamente. Pelo meio, claro, não faltam as referências ao universo original de “Grease”, que, além do filme original, teve uma sequela em 1982 (com os atores Maxwell Caulfield e Michelle Pfeiffer).
No elenco estão nomes como Madison Thompson, Marisa Davila, Cheyenne Isabel Wells, Ari Notartomaso, Charlotte Kavanagh, Tricia Fukuhara, Jason Schmidt, Kallie Hu, Jackie Hoffman, Josette Halpert ou Johnathan Nieves, entre outros.
As críticas ao “Grease” original em 2021
O filme original, um dos maiores blockbusters dos anos 70 que ganhou um estatuto de culto, foi recebido por muitas críticas nas redes sociais no início de 2021 — depois de ter sido transmitido na televisão britânica, pela BBC, nos últimos dias de 2020. Acabou por demonstrar a forma como muitos dos jovens de hoje veem o filme de 1978 que retrata os anos 50.
Segundo o “Daily Mail“, os espectadores consideraram o filme “racista”, “sexista”, “homofóbico”, “misógino” e impulsionador de uma “cultura de violação”.
Um dos aspetos mais criticados foi a famosa transformação de Sandy, interpretada por Olivia Newton-John, numa vamp sedutora para conquistar o homem dos seus sonhos, Danny Zuko, protagonizado por John Travolta. Nas últimas cenas de “Grease”, a boa menina troca as suas roupas largas e certinhas por umas calças bem justas ao corpo e um top revelador para impressionar o herói.
“‘Grease’ é demasiado sexista e exageradamente branco e devia ser banido dos ecrãs. Já estamos quase em 2021, afinal de contas”, escreveu um utilizador do Twitter, uma opinião que foi ecoada nas redes sociais por muitos outros britânicos, segundo a mesma publicação.
Outra das cenas mais polémicas acontece quando Putzie, um dos melhores amigos de Danny e membro do seu gangue de bad boys, se põe debaixo das bancadas para poder ver para dentro das saias das raparigas sentadas no campo de futebol daquela escola secundária ficcional.
Já a personagem feminina Rizzo foi acusada de ser uma bully, mas também deixou muitos jovens indignados ao ser envergonhada pelos seus pares e acusada de “dormir com muitos homens”, incluindo uma das personagens do filme. Aqui, a principal questão foi o “slut-shaming”, isto é, a cultura tóxica que envergonha uma mulher por se envolver com demasiados homens (algo que, tradicionalmente, não acontece no sentido contrário).
Por outro lado, também foram apontados momentos homofóbicos, mais especificamente quando Vince Fontaine, o locutor de rádio que apresentou o baile do liceu, disse a todos os estudantes que não poderiam formar pares de dança com membros do mesmo género.
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