Quando os Pulp se reuniram em 2023 e partiram numa digressão mundial, ficaram surpreendidos com a reação do público. “No final dos concertos tocámos uma canção nova e ninguém nos atirou nada nem aproveitou para ir ao bar. Pensámos que devíamos continuar e ver o que conseguíamos criar”, contou Jarvis Cocker, o vocalista, à “BBC 6 Music”.
A 10 de abril, a banda britânica anunciou que viria aí “More”, o primeiro álbum em 24 anos e o sucessor de “We Love Life”. O oitavo disco dos Pulp foi editado esta sexta-feira, 6 de junho, e serve de homenagem a Steve Mackey, o baixista original que morreu em 2023. Antes do lançamento, o grupo já tinha apresentado “Spike Island”, o primeiro single, que critica o uso de Inteligência Artificial na indústria musical. “Este álbum é dedicado ao Steve Mackey. Foi o melhor que conseguimos fazer”, disse Cocker em comunicado.
O projeto foi gravado em Londres ao longo de três semanas em novembro do ano passado. “Nunca fomos tão rápidos a criar um álbum. Já era algo que estava destinado a acontecer”, acrescentou o vocalista.
O disco tem pouco mais de 50 minutos de duração e conta com 11 faixas, como os singles “Spike Island” e “Got To Have Love”. Também há uma colaboração com Chilly Gonzales em “The Hymn of the North”.
Assim que foi lançado, começaram a chover elogios ao novo disco dos Pulp. A revista “Rolling Stone”, por exemplo, deu-lhe quatro estrelas em cinco e diz que é “uma obra-prima” e um “regresso em grande”.
O “The Guardian” atribuiu-lhe a mesma pontuação. “Jarvis Cocker e a banda regressam com o seu primeiro álbum em 24 anos, oferecendo uma abordagem refrescante à meia-idade — com toda a observação distorcida e os toques melódicos alegres de outros tempos”, comentou o jornal britânico.
Durante vários anos, permaneceram relativamente desconhecidos, apesar de lançarem álbuns desde os anos 80. Na década seguinte, encontraram a fórmula que os catapultou para o sucesso.
Foi com o movimento britpop que se tornaram realmente populares. O álbum “His ‘n’ Hers”, lançado em 1994, foi o primeiro grande passo, com canções que misturavam letras inteligentes, cheias de ironia e observações sociais, com uma sonoridade pop acessível e dançável.
O auge chegou com o álbum “Different Class”, editado no ano seguinte. O projeto trouxe temas como “Common People”, que se tornou um hino geracional, e “Disco 2000”, outro grande êxito.
Ao longo da carreira, os Pulp passaram algumas vezes por Portugal. A atuação mais recente foi a 8 de junho do ano passado, no Primavera Sound Porto. O espetáculo foi uma viagem ao baú das memórias do conjunto.
Temas como “Pink Glove”, “This is Hardcore”, “Babies”, “Common People”, “Underwear” e “Like a Friend” fizeram o público cantar e dançar como se ninguém estivesse a ver. O concerto terminou com uma celebração apoteótica, à altura dos quase 50 anos de história da banda inglesa.