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Nuno Tiago: o ex-polícia da moda lançou uma marca de roupa para mulheres fortes e com estilo

A GRACE, que no final de novembro lançou uma nova linha, foi criada com Sandra de Melo, sua musa e amiga desde os anos 90.
Nuno Tiago e Sandra de Melo, os fundadores.

Quando andava na escola primária Nuno Tiago, atualmente com 46 anos, já passava parte das aulas a desenhar peças de roupa. Tinha apenas sete quando descobriu que a moda era a sua vocação, “a razão pela qual estava aqui”. Começou a criar os modelos que vestia com 16 anos e, em 1993, começou a estudar design de moda no Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing, em Lisboa. Em 2001 lançou uma marca com o seu nome e Fernanda Serrano, Sandra Cóias, Bárbara Taborda desfilaram com as suas criações.

Seguiram-se vários prémios e trabalhos ligados à moda. Graças à sua especialização em styling trabalhou no grupo Condé Nast e, pouco tempo depois, mudou-se para o grupo Cofina. Integrou a revista “Flash” e foi comentador e crítico no programa “Polícia da Moda”, da CMTV, durante nove anos. Quando o contrato acabou, decidiu voltar às criações (algo que, na verdade, nunca deixou completamente) e começou a trabalhar no lançamento da GRACE, que aconteceu em julho do ano passado.

Para dar vida ao projeto contou com a ajuda de Sandra de Melo (48 anos), sua musa e amiga de longa data. “Conheci-a em 1994 numa discoteca. Fui ter com ela e disse-lhe que era fantástica e que adorava o seu estilo. Tinha um look muito próprio e impactante. Uns dias depois ficámos amigos”, conta Nuno à NiT.

Sandra era manequim e, nos anos 90, as roupas que o designer criava tinham-na sempre em mente. “Punha-a a fechar ou abrir desfiles, mesmo que ela tivesse menos 20 centímetros que as outras modelos”, brinca. Tudo o que desenhava era feito à imagem de Sandra, visto que têm uma estética parecida. “É a sócia perfeita”, aponta.

O nome GRACE é um acrónimo para “Genuína, Responsável, Autêntica, Confortável e Elegante”. Quando pensaram na marca, por volta de novembro de 2021, queriam trocar “confortável” por vintage, estilo que ambos adoram. No entanto, isso poderia dar uma conotação negativa à etiqueta, algo que, com certeza, não queriam. “Em inglês, Grave [campa, em português] fazia-nos pensar nos cemitérios”, explica.

Embora fosse um desafio grande, Nuno sabia que estava ali uma grande oportunidade, visto que eram várias as pessoas que já “adoravam” as suas outras criações. “Continuo a ter a Sandra como inspiração”, revela. Aquela colaboração faz sentido porque, sendo ele um homem, dá destaque a outras coisas quando pensa nas peças femininas. “A parte confortável da marca vem da perspetiva da Sandra. A roupa tem de valorizar a mulher, mas ela também tem de se sentir bem”, realça. Para ele, antes a estética era o mais importante. Atualmente, dá uma igual importância à confortabilidade. Além disto, todas as peças são criadas em Portugal. Não utilizam apenas um espaço, mas dividem a produção conforme o estilo do artigo e a especialidade dos próprios ateliers nacionais.

A mais recente coleção cápsula foi lançada no final de novembro, com várias peças de festa. “Percebemos que as nossas clientes precisavam deste tipo de roupa, e também as influenciadoras que vestem a nossa marca mostraram este interesse. Queríamos criar algo intemporal e que de alguma forma chegasse à faixa etária entre os 25 e os 55 anos”, afirma o designer.

Como público-alvo, Nuno aponta para “as mulheres de classe média e média alta, urbanas e que gostem de roupa mais conceptual e larga.” No entanto, também têm como fãs aquelas que gostam de propostas com uma certa sensualidade que não é apresentada “de forma óbvia”. “Temos um terceiro público que se apaixona não pela marca, mas por certa peça ou coleção cápsula”, acrescenta.

Da World Party, a linha mais recente, Nuno destaca quatro vestidos com decotes drapeados nas costas, que podem assumir a função de capuz. “Tiveram um impacto muito grande. São propostas mais para a noite e este capuz traz um conforto estético. A mulher vai para a festa e está vento, mas fica ótima porque está protegida.”

Exalta também o vestido Helsínquia — todas as opções têm nomes de cidade. É todo prateado e vai até aos pés, tendo uma grande abertura nas costas, algo que marca presença noutras peças. “Dá para o dia e para a noite”, comenta. A versatilidade “é algo que as clientes acharam muita piada”, sendo já um dos bestsellers da coleção.

Ana Rita Clara, Carina Caldeira e Ana Marques são apenas algumas das figuras públicas que já usaram peças da GRACE. “Liguei a algumas e disse-lhes para escolherem o que gostam de usar, mas também já recebi vários pedidos”, confessa Nuno. E acrescenta: “Já vesti muitas personalidades portuguesas então quando apresentei a marca foi lógico elas quererem.” A estas junta-se Bárbara Taborda, que desfilou para ele na década de 90. “Ligou-me e perguntou quando podia vestia algo nosso”, recorda.

No início de março vão lançar uma nova linha com um material “quente, mas não quente o suficiente para deixar de ser usado em junho”. Dois meses depois terão outra coleção. Um dos objetivos para 2023 é abrirem uma loja própria mas, enquanto não o fazem, chegarão na próxima semana à Savoir, uma concept store em Braga. “Ali, as marcas não são concorrentes umas das outras, todas complementam o imaginário feminino.”

Outro grande passo que gostavam de dar é a expansão para o segmento masculino, algo “que está em cima da mesa, mas que ainda não foi discutido ao pormenor”. Primeiro, querem consolidar a oferta destinada às mulheres, antes de se lançarem novos projetos. “Fazer coleções cápsula e estar sempre neste processo criativo é muito laborioso, mas também é prazeroso”, conclui.

Carregue na galeria e conheça algumas das propostas da nova linha da marca, que podem ser adquiridas online.

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