Tudo começou em 2019, quando Jorge Torrado se apaixonou por um porta-moedas nas redes sociais. Fechava naturalmente e tinha uma corrente que permitia colocar a peça nas calças de ganga, para não perder. Este modelo único estava à venda apenas nos Estados Unidos, por isso o valor era demasiado caro.
“Por momentos, quase perdi a cabeça a comprar. Mas acabei por resistir, porque sabia que era capaz de fazer igual — ou até melhor. E ainda bem que o fiz”, conta à New in Coimbra.
Só faltava colocar o plano em prática. Como viveu perto do campo, tinha grande facilidade em encontrar peles 100 por cento portuguesas (. Aprendeu a coser este material através das redes sociais e tutoriais no YouTube. “Há muito pouca informação sobre como proceder com a pele, os cuidados a ter e até mesmo sobre como fazer as peças”. Por isso, o processo foi lento, mas a evolução era notória a cada porta-moedas que criava.
“O início foi muito difícil, tive muitos dias maus, a enviar peças para o lixo. Na altura, obrigava os amigos e família a levar os artigos para recolher feedback. Algo que me ajudou imenso”, salienta. No começo, pela falta de experiência, todos os artigos estavam direcionados para o público masculino.
As tentativas e erros levaram a que Jorge decidisse parar e avaliar de que forma queria continuar este projeto, a que decidiu chamar El Trigo. “Quando comecei a trabalhar em Engenharia Eletrónica, decidi que precisava de algo para libertar todo o stress que acumulava durante o dia”.
Agora, aos 37 anos, este pequeno hobby tornou-se cada vez mais importante na sua vida. “O meu sonho é conseguir trabalhar nas peças a full-time. Este é o meu pequeno espaço, onde posso tomar as próprias rédeas”. Este lado mais artístico surgiu através do pai, que é arquiteto, por isso tinha uma paixão pelos trabalhos manuais.
Com o intuito de crescer ainda mais, nos últimos meses, decidiu apostar no mercado feminino. Por isso, produz porta-moedas e carteiras de todos os tamanhos. “Cheguei à conclusão de que precisava de crescer e os artigos de mulher são um mundo infinito, com muitas mais oportunidades criativas”, salienta. Os desenhos são criados apenas por Jorge. No entanto, tenta apostar em peças particulares e intemporais. O que não o impede de criar algo diferenciador.
O processo é sempre o mesmo. Primeiro, compra as peles. “Ultimamente só tenho em tons de castanho, pretos, mas é claro se vir algo fora do comum posso também comprar”. O passo seguinte é encontrar o molde certo, geralmente já estão prontos a utilizar. Depois é preciso cortar o formato com um X-ato com o máximo detalhe possível. No final basta costurar as peças.
Uma peça demora entre 24 e 36 horas a ser feita, dependendo do tamanho e trabalho necessário. Assim se percebe o motivo de os preços irem dos 19€ até aos 190€.
Pode adquirir os artigos através das redes sociais ou nos mercados municipais em que a marca está presente. Jorge costuma estar, por exemplo, no Coimbra Hype Market, como vai acontecer no próximo dia 23 de março.
Carregue na galeria para conhecer os diferentes projetos de El Trigo.