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Afinal, porque é que as rachas dos vestidos e saias são sempre do lado esquerdo?

A maior parte das peças tem a abertura sobre a mesma perna. Conversamos com um designer de moda para descobrir porquê.
Um vestido longo torna-se ainda mais glamoroso

Um vestido longo torna-se ainda mais glamoroso (e faz muitas cabeças girar) quando conta com uma racha bem relevadora. Embora durante muitos anos tenha sido uma aposta exclusiva da passadeira vermelha, o cenário tem vindo a mudar. Atualmente, todas as fashionistas fazem justiça ao desenho sensual — nos dias frios ou quentes — ao usá-lo nas ruas.

Quando se trata deste detalhe, há inúmeras opções. “Uma abertura na parte de trás tem um significado, se a racha for frontal tem outro”, conta à NiT Isidro Paiva, designer de moda. “No caso da abertura lateral, existe a diferença entre o lado esquerdo e o lado direito.”

Muitas pessoas podem não se aperceber do fenómeno, contudo, há uma tendência transversal a todas as marcas. Quando o objetivo é mostrar a perna de um dos lados, a esmagadora maioria dos vestidos (e o mesmo aplica-se às saias, claro) aposta num corte expressivo na perna esquerda. Mas porquê este lado?

Isidro explica que “não há uma resposta definitiva a esta pergunta”, mas existem algumas teorias. Um dos principais motivos apontados pelo criativo é a necessidade de criar alguma mobilidade — que é facilitada pelo posicionamento estratégico na perna oposta àquela que, por norma, dá o primeiro passo. A maioria das pessoas usa preferencial a mão direita, ou seja, é destra — e o mesmo se aplica às pernas.

As suposições não se ficam por aí. Existe a crença que, originalmente, as fendas do vestido foram colocadas do lado esquerdo porque a exposição da perna esquerda, enquanto a mulher caminhava, era visto como sedutor.

Existe ainda quem acredite que o lado foi escolhido para proteger a mulher. A escolha permite que a mão esquerda segure o tecido — se precisar de fechar a abertura — e que a direita fique livre para se defender em caso de ataque. Outra razão, menos dramática, tem a ver com o facto de se precisar cobrir a perna usando a esquerda, pode usar a mão oposta para agarrar na carteira, por exemplo.

Seja qual for o caso, as fendas do lado esquerdo tornaram-se um elemento básico da moda e vieram para ficar: “[A abertura] alonga o corpo, porque cria um espaço em que se vê a perna em uno. Há uma evidencia da linha do corpo que o torna mais esguio”, acrescenta o designer, sublinhando a associação da peça ao salto alto.

“No momento em se desenha, a ideia de revelar o que está mais oculto no corpo é conseguida através da fenda. É interessante na moda, mas as penas que se alongam já se manifestavam nas artes e nas representações clássicas”, acrescenta. Era comum ver esta erogenização em pinturas, muitas vezes religiosas, antes de chegar à indústria.

Seja numa mulher Saint Laurent ou numa musa Valentino, por exemplo, temos sempre uma mulher distinta. Um ponto em comum, contudo, passa por criar uma ideia de altura, que “tem empoderamento através da linha vertical”. Ambas as gigantes da moda são dois exemplos que apostam na mesma estratégia. 

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