A proposta é tentadora: fazer tratamentos de rejuvenescimento de pele rápidos, indolores e a preços mais acessíveis. O plano da Be.U é democratizar os cuidados estéticos do rosto, não só apresentando uma “tecnologia inovadora” que promete revolucionar o mercado, como colocá-la estrategicamente em centros comerciais. O primeiro a receber um espaço da marca foi o Oeiras Parque. A New in Oeiras foi até lá experimentar para lhe contar tudo.
A inauguração do primeiro corner da Be.U, descrita como um “um ginásio para a pele”, aconteceu no passado sábado, 21 de setembro. No evento estiveram presentes os responsáveis pela novidade e foi dada ao público a possibilidade de realizar um diagnóstico de pele gratuito.
A máquina, aliás, está sempre presente no espaço, disponível para quem queira conhecer melhor as características da sua pele. Analisa 12 parâmetros, tais como a “quantidade de manchas, pigmentação, excesso de sol e profundidade das rugas”.
Todos os clientes têm direito a uma avaliação de pele para que se possa perceber qual o tratamento mais adequado a cada caso. Depois de revisto o relatório, é hora de entrar em ação esta “espécie de personal trainer da pele” e as opções são variadas.
Os preços dos tratamentos começam nos 8€, valor que permite aceder a uma hidratação com ácido hialurónico. Existe também um tratamento que inclui hidratação e peeling, a partir de 15€. Os valores variam consoante a zona a tratar, que pode ser o bigode, o queixo, o pescoço, a testa ou os pés de galinha, que, nota Gonçalo, “é a zona mais requisitada e também a que revela melhores resultados”.
Os especialistas recomendam que o tratamento seja feito semanalmente, para um maior sucesso nos resultados e, por isso, o preçário inclui modelos de subscrição que começam nos 25€ por mês e podem ir até aos 271€. Existe também a possibilidade de fazer máscaras para peles acneicas ou fumadores a 10€ e limpeza de pele a 8€ no nariz e 50€ todo o rosto. Caso queira apenas relaxar, pode fazer uma massagem facial por 5€ (cinco minutos) ou 10€ (dez minutos). Conheça todos os tratamentos no site da Be.U.
A nossa experiência
Para experimentar a nova tecnologia apresentada pela marca, decidimos fazer uma hidratação com ácido hialurónico, seguida de massagem facial. Apesar de o espaço ser um corner situado num dos corredores do shopping, a verdade é que, durante os 20 minutos que ali estivemos, mal nos apercebemos do ambiente ao redor.
A especialista começou por limpar a pele para, de seguida, começar a hidratação na zona da testa. Espalhou o ácido hialurónico na pele e, a seguir, pouco sentimos. Durante cerca de dez a 15 minutos, a máquina especializada foi passando continuamente pelas ligeiras rugas ali localizadas. Sentimo-la ao de leve, sem qualquer tipo de aquecimento ou desconforto naquela zona. Podemos confirmar que o tratamento é realmente indolor.
No entanto, não podemos dizer que tenhamos sentido grande diferença em apenas uma sessão, alerta dado pela própria especialista que aconselhou a regressar, pelo menos, duas vezes por mês para um tratamento contínuo e mais eficaz.
No final, chegou a melhor parte: a massagem facial, que, não podemos mentir, foi super relaxante. Só por si este já seria um bom motivo para experimentar, mas os responsáveis garantem ter sido desenhada para estimular a circulação sanguínea do rosto, aumentar a drenagem linfática e reduzir a tensão facial. O objetivo é, assim tornar o rosto mais tonificado, suavizar as linhas de expressão e diminuir o inchaço que resulta do stress diário. Foi verdadeiramente relaxante.
Dentro do corner da Be.U há duas cadeiras para os tratamentos, realizados por esteticistas especializadas. Gonçalo Cruz, diretor geral do projeto, revela à NiO a razão de terem escolhido o Oeiras Parque para instalar o primeiro espaço aberto ao público. “O centro comercial está muito bem rodeado, está num dos melhores concelhos para viver no distrito de Lisboa, tem acessos ótimos, estacionamento gratuito, muitas lojas e nenhuma concorrência direta próxima. Achámos que era o sítio ideal.”
A proximidade e praticidade de ter um espaço destes dentro de um centro comercial foram essenciais para a decisão. “É mesmo muito prático. Os clientes podem vir aqui depois de ir às compras, antes de ir ao cinema, durante a hora de almoço. Conseguem, em pouco tempo, tratar de uma ou duas zonas do rosto, dependendo do tamanho. E com os valores acessíveis, as pessoas não ficam indecisas, acedem facilmente”, afirma.
“A limpeza de pele, por exemplo, é um serviço que noutros locais demora mais de uma hora. Agora podem fazer em diferentes zonas, de forma mais rápida. A limpeza na zona do nariz é uma das que mais sucesso faz, principalmente entre os adolescentes”, garante Gonçalo Cruz.
O diretor do projeto aponta também o facto de o espaço da Be.U ser um três em um. “O nosso elemento diferenciador é o tratamento com ácido hialurónico, mas este tratamento só é eficaz quando a pele está preparada para o receber, por isso também fazemos limpezas de pele, máscaras, etc. No fundo, misturamos três conceitos: o de spa, pelo conforto e massagem, o conceito das clínicas, de tratar, e depois o de educar os pacientes a cuidar melhor da sua pele.”
A Be.U quer chegar a todos. “Não temos um género definido. Focamo-nos mais nas mulheres, porque têm uma maior preocupação com o rosto normalmente, mas também temos alternativas para homens. Sempre com o princípio de não serem tratamentos invasivos”, conclui o responsável.
Para o futuro, os planos da Be.U passam por alargar a presença da marca em vários locais do País e também lá fora. Em 2025, está prevista a abertura de mais cinco espaços na zona da Grande Lisboa e Grande Porto.
Como surgiu a Be.U.
Ao contrário do que se possa pensar, a tecnologia que hoje serve um propósito estético não foi criada nesse sentido. Tudo começou no Departamento de Química da Universidade de Coimbra, em 2009. Gonçalo Sá, Luís Arnaut e Carlos Serpa, professores e investigadores daquela instituição, procuravam uma solução para melhorar a eficácia dos tratamentos para o cancro de pele.
Estes eram feitos de duas formas: administrados via tópica, dificilmente penetrando na pele e de eficácia reduzida, ou via injetável, arriscando rebentar bolhas ou quistos provocados pela doença. “A pele é um conjunto de células mortas compactadas de tal forma que quase não há espaço livre ente elas. Praticamente nenhuma molécula consegue passar por elas, à exceção da água, e é por isso que transpiramos”, explica Gonçalo Sá. O processo científico levou-os a colocar uma questão.
“Somos químicos da área da fotofísica, trabalhamos com luz. Então, decidimos testar essa entrega através de ultrassons de alta frequência para ver o que acontecia”, recorda. E o que aconteceu foi surpreendente. Através dessa tecnologia, conseguiram “entregar cinco vezes mais quantidade” do que com o método tópico tradicional. “Percebemos logo que tínhamos ali uma tecnologia que efetivamente resultava.”
Assim, registaram a patente e dedicaram-se não só a revelar os conhecimentos em estudos científicos publicados, como também submeteram a tecnologia a ensaios clínicos de segurança. Quase 15 anos depois, o método chega aos portugueses através da Be.U, empresa criada pelos investigadores.
“Explicado de forma simples: os ultrassons, ao serem absorvidos pela primeira camada de pele, descolam momentaneamente, abrindo caminhos para a difusão. Quando paramos, a camada volta a colar-se e regressa à função de barreira”, conta o responsável. Desta forma, perceberam que, se a tecnologia era útil para o tratamento do cancro da pele, também poderia sê-lo para outro tipo de tratamentos, nomeadamente os estéticos.
“Hoje em dia, o conhecimento fica quase todo nas universidades. A carreira universitária é valorizada por artigos e patentes, mas não por quem cria uma empresa. Tínhamos uma visão e achámos que devíamos levá-la para o mercado”, explica.
Chegaram à conclusão que a tecnologia poderia ser usada para uma melhor e mais eficaz aplicação de tratamentos de rejuvenescimento com ácido hialurónico sem recurso a técnicas invasivas como injeções. Decidiram então que este seria um tratamento “democratizado e acessível a todos”.
Gonçalo Sá explica: “Nunca quisemos ganhar muito dinheiro. Queremos é massificar o rejuvenescimento facial. Uma clínica não era o caminho certo. Queremos apostar em corners nos centros comerciais, já que é algo rápido que pode ser feito em qualquer sítio, de forma cómoda e acessível a preços competitivos”.
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