Na discreta rua Nova, junto à cosmopolita Sofia, o Mijacão é um verdadeiro mundo de petiscos a partir de 1,20€. O informal Mija Cão ou mais oficial O Mijacão existe desde 1991 e o nome surgiu a partir de um cão de barro, que um anterior proprietário levou para o estabelecimento e, numa altura em que haviam muitas tascas a servir “vinho da lavrador”, a única forma de os clientes diferenciarem umas das outras era dizer que iam à tasca onde “mija o cão”.
A bifana é quem manda no espaço e é servida de diferentes maneiras: em pão de bico (1,80€), grelhada (1,80€), no pão da avó (2,50€), à São Bernardo, com ovo, queijo, fiambre alface e tomate (3,50€), à labrador, que leva duas porções de carne (4,50€) e a buldogue, com três porções (5,50€).
No Mijacão o serviço é imediato e 70 por cento dos pedidos resumem-se à bifana. “Não há segredo. É fininha, só leva sal e é frita em óleo de girassol. Fazemos também um molho à base de vinho banco, com um pouco de picante e cloral”, revelou Jorge Silva, de 49 anos, que herdou o estabelecimento do seu pai.
Existem mais de 30 produtos à escolha, como moelas, hambúrgueres, pataniscas de bacalhau, posta de bacalhau frita, iscas, orelha, omeletes, salsicha e até sardinha frita. O melhor mesmo é que os petiscos variam entre 1,20€ e 5,50€, sendo que este último “geralmente até dá para duas pessoas”. Quem o garante é o proprietário Jorge Silva.
“O meu pai adquiriu o estabelecimento em 1982. Desde aí tem sido sempre família e, por isso, já estamos aqui há 40 anos. Eu vinha com dez anos na altura, embora não desse grande apoio, só lavava copos e ajudava a carregar os frigoríficos. Andava na escola ao mesmo tempo, depois fui para a tropa e, mais tarde, como não queria estudar, optei por vir para aqui. Só em 2009 é que o restaurante se tornou mesmo meu”, explica.
O certo é que conhece esta casa há 30 anos, tempo suficiente para criar memórias e partilhar histórias. “Há cerca de 18 anos, as pessoas não estavam habituadas a algumas coisas. A casa de banho tinha sensores e um cliente, que estava na casa de banho, e cujo temporizador do sensor desligava, saiu muito indignado e disse para outro cliente que estava à espera: “Mas porque é que têm de me estar sempre a apagar a luz?’. São várias as memórias, mas esta ficou sempre”, conta, recordando outra situação a propósito do vinho. “Na altura era vendido em barris de madeira. Chegou aqui um senhor, ainda no tempo do meu pai, pediu um copo e disse que o vinho não prestava. Como se vendia muito, o barril tinha de ser levantado para escorrer o vinho e aproveitar o máximo, como era normal. E no dia seguinte o senhor voltou e pediu vinho, no qual o meu pai serviu e questionou “Então hoje o vinho é bom?” e ele respondeu “Hoje está bom sim”. No entanto, era o mesmo vinho”, relata.
Há quem considere que “as bifanas são de comer e chorar por mais” e que “o preço é ainda melhor”. Estes são alguns dos comentários no Tripadvisor do restaurante, mas sucedem-se outros: “Quem vai a Coimbra e não vai ao Mijacão, é como ir a Roma e não ver o Papa” e “Adoro as bifanas do Mijacão. Uma tradição que adquiri na Universidade e que perdura até aos dias de hoje”.
Este restaurante da Baixa de Coibr da tem duas salas pequenas com 34 lugares. Apesar de somar décadas de existência e já ter sido uma tasca, é um spot que se atualizou e isso é visível nas cadeiras e mesas modernas.
O Mijacão é o restaurante ideal para quem tem pouco tempo de almoço ou até para quem não resiste a um petisco, quer pela manhã, ou pelo final do dia.
Com um pouco de sorte ainda pode ter direito a “uns fados e guitarradas” proporcionados por estudantes que elegem o restaurante como o local ideal para afinar vozes e instrumentos antes das atuações das suas tunas ou grupos da academia coimbrã.
De seguida carregue na galeria para conhecer melhor o Mijacão.