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Notícia amarga para os gulosos: preço do chocolate vai voltar a subir

A escassez das matérias-primas têm provocado um aumento dos custos de produção que se reflete no valor do produto final.
Os valores atingiram um máximo histórico em abril.

Os custos das idas ao supermercado têm aumentado de forma preocupante, tornando-se cada vez mais difícil para as famílias portuguesas encherem os seus carrinhos com produtos essenciais — e não só. 

O preço do azeite atingiu patamares históricos e, em paralelo, o chocolate também tem seguido esta tendência de subida. No que diz respeito a este derivado do cacau, a explicação está nas más colheitas dos últimos anos. 

A escassez resultou num aumento do preço do cacau, que em abril atingiu os 12 mil euros por tonelada. Embora atualmente se situe em nove mil euros, prevê-se que continue a aumentar, configurando-se assim o terceiro ano consecutivo de défice global desta matéria-prima.

Nos últimos dois anos, a subida acentuada dos preços tem gerado consequências significativas na indústria e, evidentemente, nos orçamentos dos consumidores. Um dos fatores que contribui para esta situação é o aumento dos custos das matérias-primas, com ênfase no cacau e nos ovos. Apesar da inflação ter um papel importante nesta problemática, não é o único elemento a ser considerado; as alterações climáticas também desempenham um papel relevante.

No último ano de cultivo, a produção de cacau atingiu quase cinco milhões de toneladas mundialmente. No entanto, cerca de 60 por cento deste volume teve origem na Costa do Marfim e no Gana, segundo os dados divulgados pela Plataforma Suíça para o Cacau Sustentável. Estes países correm o risco de se tornarem, até 2050, demasiado quentes para o cultivo do cacau, uma vez que o clima tem estado mais seco do que o habitual, o que tem resultado numa diminuição acentuada da produção, sublinha o relatório Endangered Aisle da Fundação Fairtrade.

Um exemplo claro desta situação é o facto de a Agri-Way Partners ter comunicado, a 21 de fevereiro, que o Ghana Cocoa Board reduziu a sua previsão de produção para o nível mais baixo em 14 anos. As alterações climáticas foram apontadas como uma das razões, mas não a única. O relatório também menciona o impacto do contrabando, destacando que a criminalidade provocou uma perda de 150 mil toneladas de cacau no Gana na última temporada, o que representa um prejuízo de cerca de 550 milhões de euros. 

“É improvável que os produtores consigam honrar alguns dos seus contratos para a próxima época”, prevê a agência Reuters. Em consequência, as fábricas ganesas deverão suspender a produção, pois não têm recursos financeiros para adquirir os grãos crus necessários.

 

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