O Festival das Arrufadas regressa no próximo sábado, 1 de abril, à Praça 8 de Maio em Coimbra. A iniciativa decorre entre as 8 e as 13 horas e pertence ao Grupo Etnográfico da Região de Coimbra. A revivificação desta tradição já vai na 13.ª edição e decorre anualmente no Sábado de Aleluia (altura da Páscoa).
Ao longo de 16 metros quadrados, as vendedeiras devidamente trajadas colocam em linha “os seus tabuleiros carregados de Arrufadas para a Páscoa”. A tradição manda que as “reluzentes, fofas e apetitosas” arrufadas cheguem ao antigo Largo de Sansão “à cabeça das tricanas que vinham dos arredores animar a cidade”. Os bolos são colocados em tabuleiros “forrados com toalhas de Almalaguês”.
Recorde-se que a história da arrufada está intimamente ligada ao Convento de Santana, comunidade que as confecionava em grandes quantidades a julgar pelas referências encontradas nos manuscritos. Aquando da extinção das ordens religiosas, muitas das mulheres que, sem professarem a ordem, auxiliaram as freiras nas suas tarefas de cozinha, revelaram o seu saber fazer, perpetuando-o até aos nossos dias.
Através dos referidos manuscritos, foi possível perceber que, por altura da Páscoa, as religiosas registavam com mais frequência a confeção destas iguarias, ou seja, ficou associado a certas ocasiões festivas. Este conceito manteve-se até ao século XIX, altura em que a sua venda ficou famosa pelo pregão das vendedeiras no cais da Estação Velha e na venda porta a porta.
Depois de ter sido um doce finalista das “7 Maravilhas Doces de Portugal”, o seu consumo/comércio aumentou. Neste momento, as arrufadas já são comercializadas todo o ano, de tal forma que a cidade é considerada “a Pátria da Arrufada”.
Se ficou com curiosidade veja a receita abaixo.
Do que precisa
— 1 quilo de farinha
— 250 gramas de açúcar
— 5 ovos
— 1 decilitro de leite
— 1 colher de chá fermento padeiro
— 1 colher de chá de canela
— 125 gramas de manteiga derretida
Como se faz
Peneira-se a farinha para um recipiente grande, onde é deitada uma colher de fermento padeiro, um decilitro de leite ligeiramente aquecido, os ovos e 250 gramas de açúcar. Esta massa é mexida até ficar bem ligada e se for necessário acrescenta-se um pouco de leite. Em seguida junta-se uma colher de chá de canela e 125 gramas de manteiga derretida.
Depois de tudo bem mexido envolve-se o recipiente com um cobertor, coloca-se o mesmo num local ameno e deixa-se levedar durante 24 horas. Passado um dia, forra-se um tabuleiro com papel vegetal, untado com manteiga, onde é disposta a massa moldada, em forma de bolas. Estas são enfeitadas na parte superior com pequenos desenhos (coroas, flores, corações, etc.), feitos em massa de pão alvo. São deixadas a levedar durante aproximadamente uma hora e levam-se a cozer em forno quente.