Olga Filipova mudou-se para Portugal em 2001 com o namorado, também ucraniano, que tinha o sonho de trabalhar fora do seu país. Acabaram por instalar-se em Coimbra, cidade onde Olga se licenciou em Engenharia Informática. Apesar de a relação não ter resultado, Olga não se arrepende da decisão de vir para Portugal, já que conheceu uma nova cultura e decidiu continuar a aventura sozinha.
Começou a trabalhar numa empresa de combate a fraude financeira, com ajuda da Inteligência Artificial, onde ficou até 2014. Nesse ano, o trabalho levou-a até Berlim onde passou por diferentes startups e começou a própria empresa de tecnologia. Entretanto, de regresso a Coimbra, o lado ativista de Olga ganhou espaço no seu quotidiano.
“Foquei-me no ativismo desde 2022, com a guerra e invasão da Rússia à Ucrânia. Nesse âmbito, organizo manifestações e vários eventos culturais”, explica a ucraniana de 43 anos. Foi numa dessas iniciativas, nas ruas de Coimbra que conheceu Iryna Iakymenko, ainda sem saber que esta viria a tornar-se sua sócia num negócio que decidiram abrir em conjunto para dar a conhecer a cultura ucraniana por cá.
Esta é, aliás, uma das missões mais importantes para Olga, preservar e partilhar as tradições do seu país. “A ideia do restaurante surgiu no Dia da Independência da Ucrânia, a 24 de agosto, quando estava a organizar alguns eventos no Mercado Municipal em Coimbra”, começa por contar à NiC.
“Houve uma ótima sinergia e pensei que pudéssemos fazer história de uma forma mais permanente”, acrescenta. Nos meses seguintes, Olga e Iryna falaram com os gerentes do Mercado Municipal e todos acharam boa ideia.
Assim nasceu o Café Rynok a 25 de outubro de 2024. Dada a localização no Mercado Municipal de Coimbra o nome do espaço foi uma decisão fácil, já que Rynok significa “mercado”, em ucraniano.
Todas as receitas foram pensadas e idealizadas por Iryna, de 38 anos, que conta com uma experiência de 15 anos a trabalhar em diversos espaços de restauração na Ucrânia, onde foi aprimorando as técnicas. Em 2022, devido ao início da guerra no seu país, tomou a decisão de vir para Portugal, onde continuou a trabalhar na mesma área.
Ver esta publicação no Instagram
“Não criámos o café para mostrar apenas a cozinha ucraniana. Temos a missão acrescida de preservar a cultura mesmo após a guerra, ao mesmo tempo que também ajudamos a dinamizar e revitalizar a Baixa de Coimbra”, refere Olga.
Por isso, além de pratos deliciosos também poderá encontrar eventos temáticos, workshops e ainda artesanato tradicional da Ucrânia. O primeiro acontece já no dia 22 de janeiro, com o Unity Day da Ucrânia.
O menu é composto por diferentes pratos da culinária ucraniana, dos mais tradicionais e já provados pelos portugueses aos desconhecidos pela maioria das pessoas. “Existem 24 regiões na Ucrânia. Pretendemos trazer, duas vezes por mês, novas receitas e explicar a história por detrás de cada prato, destacando sempre as zonas bombardeadas. Queremos sensibilizar através da comida”, reforça Olga.
No menu pode encontrar, como entradas, salada de vinagrete (6€), beringela marinada e picante (3€), couve em pickle (2€)e beringela com caviar (3€). Nos pratos principais há borsht, uma sopa com bife e pão (4€), varenyky que são bolinhos ucranianos com recheio de batata (7€), grechanyky (12€), holubtsy com couves enrolados com arroz (9€) e ainda batatas fritas com cogumelos (7€).
Nas sobremesas, pode experimentar mlyntsy (5€), panquecas doces com queijo cottage (7€), varenyky com cerejas (7€), medivnyk (3€) e syrnyky (6€).
Carregue na galeria para conhecer o novo restaurante.