A história de Iolanda Fernandes e Filipe Duarte começou do outro lado do mundo. Embora sejam ambos portugueses, conheceram-se no Camboja. Em 2015, Iolanda decidiu concretizar um dos seus grandes sonhos e partiu à aventura, numa viagem de três meses de mochila às costas. Acabou por se apaixonar pela cultura asiática e decidiu ficar por lá algum tempo. Acabou por procurar emprego num restaurante de comida típica portuguesa e, foi nessa altura, que conheceu Filipe, atual marido.
Apesar de ter passado por diferentes áreas, Iolanda é formada em Ciências do Desporto, o que a levou a ser professora de natação no Camboja. Mais tarde, decidiu também formar-se em gestão administrativa, de forma a completar as suas valências. Foi durante as formações académicas que Iolanda descobriu a alimentação macrobiótica.
Para quem não está familiarizado com o conceito, trata-se de uma alimentação que evita os alimentos processados e aposta em produtos locais, e tudo o mais natural possível. “Não faz sentido, em Portugal, comer uma manga ou papaia durante o inverno, por exemplo”, diz. No entanto, esta filosofia de vida vai muito além da comida.
“Este novo mundo fez crescer o bicho da alimentação natural e é um modo de estar totalmente diferente”, explica. Com o nascimento da filha, hoje com cinco anos, o casal decidiu regressar a Portugal. Primeiro, viveram numa pequena aldeia em Coimbra, perto dos pais de Iolanda. Ao longo de três anos, procuraram um terreno onde pudessem construir a casa de família. Depois de passarem pelo Algarve e pela Costa Vicentina, encontraram o que procuravam em Coja, vila do Município de Arganil.
“O ambiente é bastante semelhante ao Camboja, devido à multiculturalidade e ao estilo de vida mais calmo”, afirma. Agora, após um ano e meio a viver na vila, Iolanda e Filipe, de 35 e 40 anos, respetivamente, decidiram apostar num sonho antigo e abrir uma mercearia a granel. É a primeira de Coja.
“Temos o objetivo de ajudar o comércio local, ao mesmo tempo que observámos uma lacuna nestes serviços, nesta zona. Aqui, sempre que queríamos produtos orgânicos a granel, tínhamos de nos deslocar a Tábua”, começa por explicar. A verdade é que este tipo de negócio não é novo para Iolanda, pois a sua família já tinha uma pequena mercearia em Coimbra.
Assim, juntou a experiência no mundo da gestão e, com o marido, abriram a Sal — Mercearia a granel, no dia 1 de dezembro. Por lá vai encontrar desde produtos alimentares, a artigos de higiene e até cosmética. Só leva a quantidade que desejar, evitando o desperdício, além de estar a apoiar produtos locais.
De modo a homenagear a filosofia que o casal adotou, a mercearia tem produtos biológicos, de fornecedores locais e amigos do ambiente. Nesse sentido, a cosmética vem de Serpins, as bolachas são 100 por cento artesanais, feitas em Arganil, as frutas e legumes são produzidos de forma orgânica numa agricultora familiar.
Os únicos produtos que fogem a esta regra são as especiarias, tais como a canela-de-ceilão ou pimenta de cambone. “Esta escolha teve em consideração a qualidade e a segurança. Não é seguro trazer especiarias dos locais de origem porque podem causar problemas ambientais”, explica a responsável.
Os preços variam consoantes os produtos, no entanto, as bolachas vão desde 1,38€ a 15,48€ por cada 100 gramas. Já os detergentes e amaciadores custam 3,6o€ por litro e os legumes podem ir desde os 50 cêntimos a 4€. As especiarias começam nos 54 cêntimos por cada 20 gramas.
“Temos tido um feedback bastante positivo, tanto por parte tanto da comunidade estrangeira como da local, o que é muito importante. Temo-nos sentido muito acarinhados por estar a apostar em algo novo e a embelezar a vila”, conclui Iolanda.
Carregue na galeria para conhecer a nova mercearia em Coja.
